Governo quer rastrear 100% do gado no Pará, segundo maior rebanho do país
Em entrevista ao SBT, governador Helder Barbalho afirma que objetivo é aliar produtividade com política ambiental
Em entrevista ao SBT, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirma que o estado pretende rastrear todo o rebanho, o segundo maior do Brasil. De acordo com Barbalho, o cadastramento de toda a cadeia produtiva vai garantir mais valor e desestimular o desmatamento da floresta Amazônica.
Assista à entrevista de Helder Barbalho ao SBT:
"O produtor que tiver o seu rebanho chipado, rastreável, ele vai receber um valor a mais pago pela indústria da carne, dentro do movimento para que a indústria da carne possa ajudar no processo de redução de emissões e de boas práticas de sustentabilidade, disse.
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Para o governador, o processo de rastreabilidade é "irreversível", principalmente pelas pressões globais em meio à crise do clima. "Quando você tem um ingrediente que este produto é de origem da Amazônia, isto gera ainda mais interesse de saber qual a forma", ressaltou. Ele também afirma que os estudos para o cadastramento será enviado ao governo federal, que deve lançar um plano nacional para rastreio futuramente.
Barbalho afirma que o estado Pará criou, há dois anos, o primeiro modelo de plataforma pública de rastreio da pecuária para o rastreio, o que permite acesso a vários benefícios. Para ele, o desafio é diminuir o desmatamento futuro e recuperar áreas que já estão degradadas. Barbalho defendeu que os produtores diversifiquem o uso do solo por outras lavouras, que se recupe áreas degradadas e que o estoque florestal seja monetizado, por meio de créditos de carbono.
"O que nós temos defendido é que aja essa transição gradativa para que o solo paraense seja melhor utilizado e nós possamos criar a lógica que floresta viva é melhor que floresta morta", diz.
Cúpula do Clima
O governador comemorou o sucesso da Cúpula da Amazônia, que termina nesta 4ª feira (9.ago), e afirmou que a cidade de Belém estará preparada para a COP-30, principal evento da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar das questões climáticas, que será realizado em 2025, na capital paraense. Barbalho defende que o governo deixe um legado para a cidade, desde o saneamento, à mobilidade urbana, e no setor hoteleiro até o legado ambiental.
"O nosso desafio é fazer com que o Estado do Pará, que mais desmatou ao longo da história, possa virar essa página e possa ser um exemplo de sucesso, de mudança do seu modelo de desenvolvimento. Nós vamos mostrar que a COP acontecendo na Amazônia será um divisor de águas para que nós possamos fazer bonito no evento, mas acima de tudo, fazer um grande chamamento, uma grande convocação ao planeta de que a Amazônia está pronta para ser o pulmão, o coração do planeta, mas que o mundo precisa ajudar."
Política nacional
Barbalho está em seu segundo mandato como governador do Pará, e foi o mais votado proporcionalmente nas últimas eleições (70,41% dos votos válidos). Ele afirma que a política brasileira vive um momento "singular" e destaca o papel do MDB e principalmente da ministra do Planejamento Simone Tebet, também do MDB, na "pacificação" do País.
Sobre a possibilidade de compor a chapa como vice de Lula, ou de algum integrante do PT, nas próximas eleições presidenciais, Barbalho afirma que a eleição "está muito distante".
Depois de governar o estado estando na oposição ao governo federal, Barbalho comemora a volta do "diálogo" com o presidente, em uma relação "civilizada e, acima de tudo, colaborativa".
No discurso durante a inauguração da Infovia 1, em Santarém (PA), nesta 3ª feira (8.ago), Barbalho ressaltou o foco de Lula para os estados amazônicos neste terceiro mandato, comparando com a política voltada ao Nordeste nos dois primeiros mandatos.
"Os seus primeiros oito anos (Lula) foram decisivos para incluir o Nordeste na agenda do Brasil. O seu governo foi possível resgatar um passivo histórico com o povo nordestino. (...) Chegou a vez da Amazônia, para que possamos construir uma solução para o meio ambiente, mas que possamos encontrar também uma solução para os 30 milhões de brasileiros que vivem aqui", afirma.