Lula afirma que Desenrola será "revolução extraordinária"
Na live semanal, presidente também destacou agenda ambiental e criticou países ricos: "Ainda tem muita coisa da boca para fora"
Na 6ª live "Conversa com o Presidente", o presidente Lula destacou o programa de renegociação de dívidas Desenrola e a agenda ambiental brasileira. A entrevista foi transmitida da capital da Bélgica, Bruxelas, onde Lula participa da cúpula que reúne países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. O encontro acontece até esta 3ª feira (18.jul).
Lula disse que o Desenrola vai "libertar" quem está endividado e que o programa fará uma "revolução extraordinária". O presidente espera que Desenrola ajude a estimular a economia até o fim do ano. "Pobre não gosta de dever, por isso que está tendo grande procura", declarou.
O tema do meio ambiente foi novamente um dos destaques da entrevista semanal. Lula relembrou a reunião no próximo mês de agosto com países que compartilham território na floresta Amazônica, e afirmou que espera uma decisão conjunta para ser apresentada durante a próxima Conferência do Clima da ONU (COP), que acontece em dezembro em Dubai.
Mais uma vez, Lula cobrou os $100 bi de dólares prometidos por países ricos para cuidar das florestas. "Ainda tem muita coisa da boca para fora", disse Lula sobre a urgência desses países em combater as mudanças climáticas.
"Ali (COP-15) as pessoas prometeram dar $ 100 bi de dólares por ano para cuidar do planeta. Até agora não deram e me parecem que não querem dar. Eu disse na reunião: 'é melhor dizer a verdade, não quer dar o dinheiro diz que não quer dar, não fica alimentando de ilusões de países pobres", disse Lula.
Para Lula, perservar a Amazônia é uma obrigação do Brasil e se o mundo tem interesse, pode nos ajudar. "Um país como o Brasil naõ tem que ficar implorando dinheiro, temos que fazer o que é nossa tarefa, o Brasil tem que parar de se tratar como se fosse um país pobre, pequenininho".
O presidente repetiu que não quer transformar a Amazônia em "santuário da humanidade", que o Brasil tem soberania sobre o território e que é preciso investir em ciência para melhorar a vida do povo que mora na região. "Floresta em pé pode render mais para o Brasil do que derrubar a floresta"
O presidente também afirmou que pedirá para países europeus que construam fábricas em nações em desenvolvimento. Segundo ele, o discurso da "moda" na UE é que países que tenham materiais críticos, como minérios, devem começar a transformar esses materiais no próprio país, em vez de exportar material bruto.
Mercosul
O tema ambiental está no centro do debate do acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Apesar de ter sido assinado em 2019, o acordo aguarda a ratificação dos signatários. Um dos principais impasses é a carta adicional enviada pela UE, que estipula sanções em caso de descumprimentos de determinadas obrigações, sobretudo em relação ao meio ambiente.
Lula afirmou que a resposta do Brasil à carta já foi enviada aos presidentes do Mercosul para análise antes de ser apresentada à União Europeia.
Na entrevista, Lula também mencionou a reunião com representantes da oposição da Venezuela para discutir o cenário político do país vizinho. A Venezuela terá eleições gerais no ano que vem e a oposição questiona a inabilitação alguns de seus principais candidatos. O caso mais recente foi o da ex-deputada María Corina Machado, condenada à perda de direitos político por 15 anos.
Saúde
De acordo com o presidente, o governo deve contratar 28 mil médicos pelo programa Mais Médicos até o fim do ano. Ele ressaltou que a maior parte desses profissionais são brasileiros, "o que é extremamente importante", segundo Lula. Os esforços dos profissionais do SUS durante a pandemia também foram citados pelo presidente.