A favor da Lava Jato, PRF é demitido antes de tomar posse no governo Lula
Flávio Dino anunciou que mudará a indicação de Camata para a direção-geral da Polícia Rodoviária Federal
Anunciado como novo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pelo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Edmar Moreira Camata nem assumiu e foi deposto. O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou na tarde desta 4ª feira (12.dez) uma troca na indicação para a PRF. O novo diretor-geral da PRF será Antônio Fernando Oliveira, que foi superintendente da PRF no Maranhão.
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Camata foi anunciado um dia antes, na 3ª feira (20.dez), como futuro diretor-geral da PRF, por Dino. Após o comunicado, sua escolha foi questionada publicamente nas redes sociais e em reportagens. Camata foi apontado como um "apoiador" da Operação Lava Jato, que em 2018 prendeu Lula - que ficou 580 dias encarcerado, na sede da Polícia Federal, em Curitiba.
"Estamos efetuando a substituição da indicação que foi feita para o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal. Nós tivemos uma polêmica nas últimas horas e o entendimento meu e da minha equipe foi que seria mais adequado proceder a essa substituição. Então, a indicação para novo diretor geral da Polícia Rodoviária Federal para o policial rodoviário federal Antônio Fernando Oliveira", afirmou Flávio Dino.
Segundo o ministro, "não há nenhuma avaliação negativa quanto às condições morais" de Camata. O anunciou da mudança e de outros nomes para o ministério da Justiça foi feito nesta tarde desta 4ª, em uma entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição. "É uma avaliação puramente política que me cabe", explicou o futuro ministro.
"A responsabilidade política da equipe é minha, exclusivamente minha. E, assim como sou eu que escolho sou eu que tiro", afirmou Dino, que deu o assunto como "encerrado". "Eu não gostaria de fazer nenhum comentário de índole pessoal desfavorável, porque acho que seria injusto. Eu reitero que considero que o policial Camata tem todos os atributos funcionais, tem experiência, tem currículo. Mas é claro que é uma função política."
Camata nasceu no Rio, formado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo e mestre em políticas anticorrupção pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Está na PRF desde 2006. Ocupa atualmente cargo de secretário estadual de Controle e Transparência no Espírito Santo.
Camata chegou a fazer duas publicações, após a divulgação de que seria o novo chefe da PRF. Agradeço a confiança depositada pelo Presidente @LulaOficial e Ministro @FlavioDino na condução da PRF. Acreditamos nas bases da segurança pública com cidadania e nos valores institucionais, para um Brasil melhor para as pessoas", escreveu Camata.
Agradeço a confiança depositada pelo Presidente @LulaOficial e Ministro @FlavioDino na condução da PRF. Acreditamos nas bases da segurança pública com cidadania e nos valores institucionais, para um Brasil melhor para as pessoas. #PRF
? Edmar Camata (@edmar_camata) December 20, 2022
Camata está na PRF desde 2006 e ocupa atualmente cargo de secretário estadual de Controle e Transparência no Espírito Santo. Ele chegou a fazer duas publicações, após a divulgação de que seria o novo chefe da PRF. Dino confirmou que um dos pontos que pesou na decisão foi sua posição e manifestações em relação à Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, duas figuras importantes da operação, que prendeu Lula.
"Achamos melhor a indicação de outra pessoa que não tivesse esses questionamentos que foram feitos", afirmou Dino ao responder pergunta da imprensa.
O novo indicado para diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, está desde 1997 na PRF.
Equipe ministerial
O futuro ministro da Justiça também anunciou novos nomes nesta 4ª, no CCBB, em Brasília. Com os novos indicados, a equipe ministerial está completa. Os nomes dos principais cargos da PF também estão confirmados.
O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), já anunciado antes, será o delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, que fez a segurança de Lula pela PF durante a campanha e já foi do ministério nos governos do PT.