Do Planalto ao CCBB: sede do governo muda de endereço antes do previsto
Enquanto Bolsonaro esvazia precocemente cargo e funções, transição assume protagonismo
As duas primeiras semanas de trabalho da equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, foram marcadas por intensas reuniões, idas e vindas de congressistas, correria da imprensa nos corredores e novos nomes anunciados para integrar a equipe do presidente eleito. Enquanto isso, no Planalto, Jair Bolsonaro (PL) "renuncia" precocemente ao cargo. Após sofrer derrota nas urnas, o atual presidente se exime de participar do processo que marca a mudança entre mandatos e seus aliados assistem, pouco a pouco, o centro das atenções na capital federal mudar de endereço.
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Desde o dia 4 de novembro, o movimento de ida e vinda de diferentes atores políticos foi intenso no CCBB, sede do Gabinete de Transição. A entrada principal do prédio é isolada por grades. Só passa por ali quem integra a equipe coordenada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), além de seguranças e outros funcionários que participam da organização do local.
O segundo andar foi reservado para os grupos técnicos que compõem a equipe. Até agora, 281 nomes foram anunciados para os 31 grupos definidos na estrutura da transição. Ao menos 30 assessores técnicos voluntários devem ficar na sala exclusiva do presidente Lula (PT) e de seu vice, Alckmin. Fontes da equipe de transição afirmaram que a Polícia Federal já rastreou os dois andares do prédio para garantir a segurança de quem frequenta o local. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também ajudam a reforçar o esquema.
Enquanto sua equipe desenrola articulações políticas decisivas para o novo governo, Lula participa de seus primeiros compromissos como líder brasileiro, antes mesmo de assumir oficialmente o posto de chefe do Executivo. Nesta semana, foi ao Egito para a 27ª Cúpula do Clima e voltou aos holofotes do cenário internacional.
Se, por um lado, o presidente eleito parece iniciar a "gestão" com quase dois meses de antecedência à posse, o atual mandatário esvazia o Palácio do Planalto antes do previsto. Como mostrou o SBT News, Bolsonaro tem evitado aparições e falou publicamente por apenas 4 minutos e 38 segundos desde o segundo turno. Neste sábado (19.nov), o chefe do Executivo completa 18 dias sem conversar com a imprensa ou com apoiadores.
A única aparição presencial foi em 1º de novembro quando, em um discurso de 1 minuto e 58 segundos, disse que seguiria "cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição". No dia seguinte, fez um pedido explícito, pela internet, para que os caminhoneiros liberassem as vias, à época bloqueadas, em um vídeo de 2 minutos e 40 segundos.
Isolado no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, Bolsonaro também tem evitado o Planalto. Desde a derrota para Lula, esteve no palácio apenas uma vez, em 3 de novembro, quando o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, estiveram na sede do Executivo federal para tratar da transição com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP). Os encontros do presidente com ministros, auxiliares e aliados têm se dado no próprio Alvorada. No entanto, pela agenda oficial, as reuniões têm sido breves e durado, no máximo, 30 minutos.