Centrão quer orçamento secreto na PEC da Transição
Líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) fala ao SBT News de negociações no Congresso
Irritados com a tentativa da equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ampliar o extra-teto por quatro anos para pagar programas sociais, integrantes do Centrão discutem incluir na PEC da Transição a garantia de pagamento das emendas de relator, que ficaram conhecidas como "orçamento secreto". Em entrevista ao SBT News, o líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que o tema está sendo discutido nos partidos.
"Não é um assunto de governo. É assunto do parlamento. Portanto os partidos que têm convicção que essa é a melhor maneira de aplicar os recursos do orçamento deverão apresentar, para um consenso nessa PEC da Transição. Isso não é uma imposição, é uma sugestão apenas", afirmou.
Durante a eleição, Lula prometeu atuar para acabar com as emendas de relator. Mas, desde que foi eleito, não houve avanço nenhum nesse sentido. A proposta não chegou a ser nem aventada nas conversas com os congressistas. O tema, portanto, dará margem para os bolsonaristas pressionarem os futuros governistas e evitar que a PEC da Transição dê direito para Lula gastar a mais por quatro anos ou que inclua outros temas além do Auxílio Brasil e do aumento real do salário mínimo.
"Lembre-se que nós queremos votar uma PEC em duas semanas, para votar o orçamento em outras duas semanas. Então, não há espaço para muita discussão. Ou temos um texto consensual ou não vai acontecer a aprovação da PEC no prazo necessário para a entrega dos recursos a partir de janeiro", alertou Barros.
O líder deixa claro que a base do atual presidente apoiará o que foi promessa comum entre Jair Bolsonaro e o presidente eleito. "Trata-se do Auxílio Brasil de R$ 600 - são R$ 52 bilhões aproximadamente - e mais 1,3% de aumento real no salário mínimo, que foi proposto pela transição. Então isso deve dar entre R$ 70 e R$ 80 bilhões. Depois o governo eleito quer correção da tabela do Imposto de Renda, mais R$ 150 para famílias que têm crianças até seis anos, e quer também aumento para o servidor público. Isso não é possível. "Espero que o governo eleito não fique esticando a corda tentando ganhar mais do que é possível neste momento", concluiu.
Confira a íntegra da entrevista: