Guedes diz que BNDES está devendo e aplicou "rasteira" no Governo Federal
Ministro ainda afirmou que país está "em guerra" e que ninguém é "sadomasoquista" de sacrificar o povo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta 2ª feira (20.jun) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fala ocorreu durante o discurso na cerimônia pelos 70 anos de fundação do banco, no Rio de Janeiro.
"Eu diria que vocês [BNDES] estão fazendo um brilhante trabalho nos últimos três anos, porque devolveram ao governo R$ 240 bilhões, mais ou menos, e ainda estão devendo. Estão devendo e aplicaram uma 'rasteira na gente', o pessoal jurídico aí competente".
O ministro criticou o recurso feito pelos advogados da instituição, acolhido pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Quando a inflação sobe, o Brasil está subsidiando o BNDES. Pois, o jurídico teve a coragem de ir ao TCU para convencer que é o contrário e o Tribunal 'caiu'. Chegaram lá e falaram 'se a gente devolver agora, nós estamos impondo uma perda ao banco, isso é perigoso, isso é temerário'. É o contrário. Estão se beneficiando do subsídio, vocês deveriam estar devolvendo, o Brasil 'está em guerra', está precisando desse dinheiro", afirmou.
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Ao justificar as medidas de ajuste para o combate à crise econômica causada pela pandemia, o ministro disse que "ninguém aqui é 'sadomasoquista', ninguém gosta de sacrificar o povo brasileiro, nada disso, nós estamos tentando fazer uma recuperação financeira do país, depois de um período de excessos".
Ainda durante seu discurso, Guedes voltou a criticar o banco sobre os empréstimos para grandes empresas: "No BNDES, só as grandes empresas pegavam dinheiro, as campeãs nacionais. Ora, vá catar coquinho. Temos que ver água, esgoto, portos para o Brasil e não isso. Não podemos financiar grandes empresas para que elas depois apoiem campanhas politicas, como no passado".
O BNDES é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e principal instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira.
A instituição financeira registrou um lucro líquido de R$ 12,9 bilhões no primeiro trimestre de 2022, aumento de 32% em comparação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi influenciado pela reclassificação da JBS (R$ 5,8 bilhões), receita com dividendos da Petrobras (R$ 3 bilhões), resultado líquido das alienações de ações (R$ 1,3 bilhão) e saldo positivo de equivalência patrimonial de R$ 800 milhões. A diretoria do BNDES não se pronunciou sobre as críticas feitas pelo ministro de Economia nesta 2ª feira.