Governo

Não estou "com nenhum medo de eleição", fala Bolsonaro a investidores

Presidente disse que Luiz Inácio Lula da Silva fala "tudo" para não ter voto

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta 3ª feira (14.jun) que não está com "nenhum medo de eleição", em discurso no Brazil Investment Forum (BIF) 2022, em São Paulo, no qual voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), comparar de forma elogiosa seu governo com os anteriores e questionar a integridade do sistema eleitoral brasileiro.

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"Eu estou com medo de eleição? Nenhum medo de eleição. Sou democrata, prezo pela liberdade e quero a coisa certa", declarou Bolsonaro. Ele sugeriu, entretanto, que quem ganha o pleito atualmente no Brasil não é quem possui voto, mas sim "amigo" em uma sala-cofre contando votos, e disse que venceu as eleições de 2018 no primeiro turno, ambos pontos já desmentidos pela Justiça Eleitoral em diversas ocasiões. Além disso, o presidente acusou a Corte de não querer conversar com as Forças Armadas após tê-las convidado para integrar a Comissão de Transparência de Eleições (CTE) e estas terem enviado sugestões; o ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do TSE, de ter interferido no ano passado na análise sobre a implementação do voto impresso no Brasil, no Congresso; e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente, de falar "tudo" para não ter voto, como que revogará a reforma trabalhista de 2017 e que ampliará o acesso ao aborto.

"Como que vai ter voto? Quem vai contar esses votos? Quem garante que nós estamos tranquilos na questão eleitoral?", questionou o chefe do Executivo federal. Em outros momentos, elogiou seus ministros. De acordo com Bolsonaro, a equipe de Paulo Guedes, da Economia, "furou" a pandemia, e o Brasil está "condenado a dar certo" porque os ministros são melhores que os dos governos passados. O "time" das gestões petistas no Palácio do Planalto, afirmou o presidente, "não tinha como ganhar", porque os governos Lula e Dilma promoveram corrupção e aparelhamento de instituições. 

Outro alvo de crítica de Bolsonaro foi o ministro Luiz Edson Fachin, presidente do TSE: "Nos morros do Rio, onde o Fachin diz que a polícia não pode entrar, nem sobrevoar helicóptero, está cheio de fuzil. Virou lá um refúgio da bandidagem do Brasil todo. Parabéns ministro Fachin. Tremenda colaboração com o narcotráfico, com  a bandidagem de maneira geral". Ele se referia a decisão de 2020, do ministro, que proibiu as operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia.

O político do PL defendeu outra vez o acesso às armas de fogo pela população: "Até lá no norte da América a gente vê coisa esquisita acontecendo. Vamos desarmar a população. Toda ditadura foi precedida de desarmamento". Ainda no discurso, criticou a quarentena adotada por governadores para conter a pandemia, à qual se referiu como lockdown; disse ser "esquisito" que pessoas morram por covid-19 mesmo quando vacinadas -- mesmo sendo amplamente divulgado que os imunizantes não evitam 100% das mortes, mas diminuem a chance de desenvolver quadro grave da doença e a transmissão do vírus --; afirmou que "o mundo cai" em sua cabeça quando há incêndio no Pantanal ou na Amazônia porque há interesse econômico nos biomas; e pontuou que o governo não deseja dificultar a atuação dos investidores.

"O prazer de muitos políticos é que vocês dependam da gente. Venha aqui no meu pé, venha rastejar, eu vou ver se te atendo. E depois leva para uma salinha escura ainda. Era muito comum acontecer em governo os anteriores e não acontece agora. Da nossa parte, pela equipe econômica em especial, a gente não quer conversar com vocês. Que vocês só querem conversar conosco quando tem problemas. E nós não queremos criar problemas para vocês. Não queremos criar dificuldade pera vender facilidade", falou Bolsonaro.

Eventual mudança no marco temporal na demarcação das terras indígenas foi outro assunto abordado pelo presidente. Mais uma vez, disse que pode falar que não cumprirá eventual decisão do STF promovendo a alteração. "Isso é pesado? Não, isso é real.  Chega de bananas na política brasileira, de demagogos, que ficam falando bonito para vocês e por trás faz outra coisa completamente diferente. Ou vocês acham que a minha vida é um mar de rosas?", disse. O BIF 2022 é a quinta edição do maior evento de investimentos estrangeiros da América Latina e vai até esta 4ª feira (15.jun). Bolsonaro discursou na abertura.

Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou antes do presidente no evento. Segundo ele, no exterior, há um "mar turbulento" na economia, que não melhorará "tão cedo", e a situação da economia mundial se agravará "bastante". Ele apontou três motivos para o aparecimento desse cenário: uma pressão competitiva da Ásia, em curso há 30 anos  e atualmente "dramática", que "impede o crescimento dos salários e dos ganhos do Ocidente"; um choque adverso de oferta causado pela pandemia, que provocou uma ruptura nas cadeias de produção e, assim, leva a mais inflação e menos crescimento simultaneamente; e a guerra na Ucrânia, que acarretou em aumentos nos preços de alimentos e de energia porque o país e a Rússia são produtores de grãos e energia, respectivamente. 

Contudo, de acordo com Guedes, uma reconfiguração das cadeias produtivas cogitada pelo mundo por causa desse cenário é "o mais importante do ponto de vista de oportunidades para o Brasil". Isso porque, segundo ele, investidores internacionais olham para o país. Nas palavras de Guedes, "o Brasil é a maior fronteira de investimentos aberto do mundo hoje". Ainda conforme o ministro, a "Europa olha para o Brasil como segurança energia, e a Ásia como segurança alimentar".

Outros discursos

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, e o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) também discursaram. Segundo o primeiro, o governo Bolsonaro "está determinado em levar adiante" o processo de entrada do país na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O segundo disse que em qualquer lugar do mundo, investidores querem realocar investimentos para o território brasileiro e que a comunidade de negócios brasileira está mais forte do que nunca. Augusto Pestana, por sua vez, afirmou que o Brasil, sob a liderança de Bolsonaro, "se moderniza e se abre ao mundo com pragmatismo e coragem". "Um país que busca os melhores padrões e práticas, como bem demonstra o início do nosso processo de entrada na OCDE. Um país onde o ambiente de negócios se aperfeiçoa em uma magnitude e uma velocidade inéditas. Enfim, um país que assegura a liberdade e das condições para que o empresário brasileiro ou estrangeiro se multiplique".

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