YouTube remove live em que Bolsonaro associa vacinação à Aids
Rede afirmou que vídeo traz desinformação médica e suspendeu publicações da conta por sete dias
O YouTube removeu a transmissão feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na última 5ª feira (21.out) por considerar que a declaração que associava a vacinação contra covid-19 ao vírus da Aids violava diretrizes de informações da plataforma. Além da medida, a rede bloqueou as atividades da conta de Bolsonaro por uma semana, e se tornou a terceira rede social a penalizar o presidente até esta 2ª feira (25.out), juntando-se ao Facebook e ao Instagram.
Por ser a segunda penalidade recebida pelo presidente na conta, o canal está bloqueado de fazer novas publicações por um período de sete dias -- até a próxima 2ª feira (1º.nov). A ação pode interferir no cronograma de lives de Bolsonaro, que costumam ser transmitidas às 5ª feiras. Caso o presidente volte a cometer outra infração, o canal receberá um segundo aviso, e ficará suspenso por 14 dias. Se uma quarta situação ocorrer em um período de 90 dias, após o segundo aviso, a conta é encerrada.
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No vídeo, Bolsonaro faz uma declaração de que a vacina contra o coronavírus poderia desenvolver o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A informação é falsa, e foi rebatida por especialistas em saúde. A afirmação também está prevista para entrar no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia e foi levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) por deputados de oposição. Senadores ainda disseram que entrarão com pedido para que o presidente deixe de usar as redes.
Tanto o YouTube quanto as redes sociais Facebook e Instagram consideram que a fala do presidente pode provocar desinformação aos usuários e, por isso, optaram por remover o conteúdo compartilhado pelo presidente. Se a situação voltar a se repetir em outras ocasiões, as penalidades podem ser maiores, como bloqueio de acesso às contas.
A primeira penalidade recebida por Bolsonaro no YouTube ocorreu em julho deste ano, também em um tema relacionado à pandemia. À época, o presidente disse que máscaras não impactavam na propagação do coronavírus, informação que também foi questionada cientificamente. A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República foi contactada para um posicionamento sobre a declaração do presidente, assim como sobre a ação do YouTube, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
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Confira a íntegra do comunicado divulgado pelo YouTube:
"Removemos um vídeo do canal de Jair Bolsonaro por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a COVID-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas. As nossas diretrizes estão de acordo com a orientação das autoridades de saúde locais e globais, e atualizamos as nossas políticas à medida que a orientação muda. Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política".