"Sempre houve gente querendo me derrubar", diz Guedes sobre o Centrão
Ministro da Economia tem afirmado a interlocutores que não vai pedir demissão do cargo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, não deve pedir demissão do cargo nem mesmo com o novo anúncio do Planalto que prevê um gasto de R$ 30 bilhões acima do teto para bancar o programa substituto do Bolsa Família, além da extensão do auxílio emergencial, que estavam previstos para serem divulgados na tarde desta 3ª feira (19.out), mas foram cancelados.
Se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) resolver ceder à pressão da ala política, tendo em vista que parte do Centrão quer a saída de Guedes, ele mesmo terá que demitir o economista. O ministro não planeja deixar a função, e teria dito a auxiliares próximos que "sempre houve gente querendo me derrubar".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Após as eleições de 2018, Guedes sempre foi categórico ao afirmar que ficaria na gestão Bolsonaro enquanto pudesse implantar o ajuste fiscal, as privatizações e as reformas que os liberais defendem, e que se isso não acontecesse ele deixaria o governo.
Quase três anos depois de o presidente ter vencido o pleito, Guedes conseguiu aprovar no Congresso a reforma da previdência, a privatização da Eletrobras e a autonomia do Banco Central. Parlamentares reclamam, no entanto, que o mérito não é da equipe econômica, mas da articulação dos próprios deputados e senadores.
Agora, Paulo Guedes foi voto vencido nas discussões sobre o Auxílio Brasil -- programa substituto do Bolsa Família -- e a necessidade de prorrogar a ajuda emergencial criada durante a pandemia para não deixar os informais sem renda. Publicamente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou recado ao ministro da Economia dizendo que não é o momento de pensar só em teto de gastos e responsabilidade fiscal. Lira tratou do assunto durante entrevista ao site da revista Veja.
As reuniões para discutir o novo programa social geraram embates entre a equipe econômica e a ala política do governo. Mesmo com o desgaste e isolamento, Paulo Guedes tem dito que não planeja deixar o governo e que sabe que os parlamentares trabalham desde o início do governo Bolsonaro para que ele fosse substituído.
Guedes sempre defendeu a criação de um novo programa social sem ultrapassar o teto de gastos. O teto foi criado para evitar o descontrole do gasto público. O Congresso aprovou em 2016 uma Proposta de Emenda à Constituição que limita o crescimento das despesas do governo brasileiro durante os próximos 20 anos. A medida vale para os três Poderes. Com o teto, as despesas e investimentos públicos não podem passar dos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos apenas pela inflação.