Bolsonaro discute com apoiador e volta a defender privatização da Eletrobras
Abertura de capital da estatal, prevista em MP, deve diminuir a tarifa de energia aos consumidores
Um apoiador que pediu veto à privatização da Eletrobrás recebeu uma resposta atravessada do presidente Jair Bolsonaro, nesta 4ª feira (16.jun) na portaria do Palácio da Alvorada. "Sabe o imposto que paga na sua cidade? Se não sabe, não discuta comigo", disse Bolsonaro. A declaração foi uma referência ao argumento de que a desestatização pode aumentar a tarifa de energia elétrica.
A Medida Provisória (MP 1.031/2021) que autoriza a privatização deve ser votada no plenário do Senado nesta 4ª feira. Se aprovada, vai direto para sanção presidencial. Se o texto sofrer alterações, terá de retornar para nova análise da Câmara. O Executivo Federal tem pressa pela tramitação no Congresso, já que em 22 de junho a medida perde a validade.
Para defender a desestatização, Bolsonaro tem alegado que estatais servem para distribuição de cargos políticos, e como consequência, são reduto de corrupção. "Roubaram tanto, a petralhada roubou tanto. [A Eletrobras] dava prejuízo de R$ 70 bi por ano. Agora tá dando lucro. Tem que ver isso, pô", disse o presidente, já irritado com a abordagem do apoiador contra a privatização.
De fato, a estatal registrou em seu último balanço, divulgado em maio, um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão nos três primeiros meses do ano, resultado 31% superior ao do mesmo período do ano passado. De acordo com a Eletrobras, o número foi impulsionado pela revisão periódica de tarifas a partir de junho de 2020.
Em entrevista exclusiva ao SBT News, em fevereiro, a secretária executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, alegou que a abertura de capital da Eletrobras, prevista na MP, deve diminuir a tarifa de energia aos consumidores no longo prazo. Com a injeção de verbas privadas, através da Bolsa B3, a secretária defende que será possível fazer novos investimentos em modernização da rede e recuperação de bacias hidrográficas que abastecem as hidrelétricas, principais geradoras da matriz energética brasileira.
"Não revitalizando essas bacias, isso termina gerando custos pro consumidor, porque no momento que eu tenho que economizar água, tenho que usar uma fonte mais cara, geralmente a fonte térmica. O consumidor, com essa revitalização das bacias e eu não precisando usar usinas térmicas, ele termina tendo uma economia no custo da sua conta de luz", defendeu a secretária
Veja reportagem do SBT Brasil: