Na Câmara, Salles culpa gestões anteriores por caos no meio ambiente

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi convidado pela Câmara dos Deputados a prestar esclarecimentos sobre o aumento do desmatamento da Amazônia e explicar como a pasta vai lidar com o último corte orçamentário de R$ 240 milhões. No entanto, as respostas do ministro giraram em torno de comparações com números apresentados em gestões anteriores.

A respeito do desmatamento da Amazônia, que foi o maior nos últimos 10 anos, Salles inicialmente disse que mudanças climáticas favoreceram as queimadas na região. No entanto, alegou que população local vive um histórico de esquecimento e falta de políticas públicas que resultam na destruição ambiental. "Por que o desmatamento na Amazônia voltou a subir de 2012 em diante? A resposta parece ser muito próxima da questão social e econômica em termos deixado, desde 2012, a população da Amazônia pra trás. Vinte e três milhões de brasileiros que vivem na região mais rica do país com o pior índice de desenvolvimento humano. Sem regularização fundiária, sem avançar no zoneamento ecológico, sem ter colocado de pé a tão falada bioeconomia, sem ter feito pagamento por serviços ambientais."

Já a respeito do corte orçamentário de R$ 240 milhões para 2021, Salles disse que foi a menor redução proporcional dos últimos anos, novamente com base em dados de governos anteriores. "A grande redução orçamentária da área do Meio Ambiente se deu entre os anos de 2014 e 2015, que reduziu a menos da metade o orçamento do ano anterior, 2014, ou praticamente um terço do que fora em 2013". Em 2013, o montante destinado à pasta foi de R$ 14 bilhões, ante 4,5 bilhões dois anos depois. Salles ainda cobrou dos deputados um maior engajamento para destinação de recursos parlamentares ao Meio Ambiente, como forma de compensar os cortes promovidos pelo governo federal.

No entanto, deputados da opsição que estavam na Comissão criticaram o excesso de comparações com o passado e a falta de soluções futuras, por parte do ministro. "Está mais do que claro, senhor ministro. Está desenvolvendo uma política anti-ambiental e de desmonte total de governança ambiental no Brasil que levou mais de três décadas para construir.", disse a deputada Joenia Wapichana (Rede-PR). "Não são os pobres os destruidores do meio ambiente no Brasil. Quem destroi o meio ambiente no Brasil é a ganância, às vezes da mineração sem planejamento, desenfreada, o desmatamento que está acontecendo hoje na Amazônia para fins de grilagem. Tudo que nós estamos assistindo hoje', disse o deputado Paulo Guedes (PT-MG)

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