O que é o Pix automático e como ele impacta as empresas e as pessoas
Banco Central determinou que empresas deverão disponibilizar modalidade de pagamento até o dia 28 de outubro de 2024
No dia 7 de dezembro, o Banco Central publicou as regras do Pix automático e determinou prazo até o dia 28 de outubro de 2024 para as empresas disponibilizarem o serviço aos consumidores.
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Em resumo, a nova modalidade terá a mesma função do débito automático, mas com funcionalidades mais modernas e menos custos para as empresas.
Quais contas eu posso pagar com Pix automático?
O consumidor poderá pagar contas de serviços públicos (água, luz, telefone e demais contas domésticas), pacotes de assinatura (internet, TV a cabo, streaming e portal de notícias), mensalidades (escola, condomínio, plano de saúde, aluguel) e serviços financeiros (parcelamentos de seguro, empréstimos, consórcios).
Segundo o chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro, Angelo Duarte, o Pix automático facilitará a cobrança recorrente de produtos e de serviços, aumentando a eficiência e a competitividade do setor.
Outra vantagem citada por Duarte é que o pagamento por Pix, diferentemente do débito automático, independe de convênios bilaterais entre a concessionária e o banco, possibilitando que a empresa possa receber do cliente independentemente da instituição bancária dele.
"A expectativa é que esses baixos custos estimulem empresas de diferentes tamanhos e setores a ofertarem essa alternativa de pagamentos recorrentes por meio do Pix automático, podendo, em alguns casos, ampliar o acesso da população a determinados serviços", disse o diretor do BC, ao citar serviços de streaming, portais de notícias, clubes por assinatura e empresas do setor financeiro como potenciais ofertantes do novo serviço.
O Pix automático vai pegar?
O BC aposta que, de maneira geral, o consumidor vai optar pela nova modalidade, por conta do sucesso obtido pelo Pix e também pela comodidade de pagar as contas automaticamente. Por outro lado, especialistas que atuam com tecnologias bancárias, acreditam que o Pix automático não terá a mesma abrangência do "Pix normal", principalmente para o pagamento de contas de serviços públicos, que são variáveis conforme o consumo e a tarifa cobrada. É o que explicam os sócios da Conta Comigo Digital, Matheus Vasconcelos, Marco Gallo e Vinícius Santos
"O Pix automático não vai engrenar de forma tão relevante quanto o Pix. O Pix automático é análogo ao débito automático e esse produto tem baixa penetração no Brasil. Poucas pessoas usam esse serviço. São taxas baixas próximo à massa de clientes que o banco tem, variando entre 4% nos piores resultados e 20% nos melhores", disse Matheus.
Os sócios explicam que a medida poderá ter maior capilaridade com serviços que possuem valor fixo, como plataformas de streaming e academias. Várias dessas empresas oferecem mensalidades com melhores condições ou exclusivamente por cartão de crédito. Com o Pix automático, os consumidores e as empresas vão ampliar o leque de pagamento.
"Um serviço de streaming, por exemplo, que o cidadão sabe que vai pagar R$ 45 todo mês, que ele já usa por cartão de crédito, ou paga por faturas mensais, a tendência é que o Pix automático resolva isso como uma opção mais fácil", disse Gallo, que ainda afirmou que a funcionalidade pode facilitar a vida de pessoas inadimplentes, com pouco ou nenhum acesso ao crédito.
Vinicius Santos explica que o motivo para o Pix repetir o pouco sucesso do débito automático está relacionado ao perfil de quem opta por pagar suas contas diretamente pelo sistema. Essas pessoas, geralmente, possuem situação financeira confortável o suficiente para não precisar "escolher conta", além de confiar na assertividade do serviço.
"Quem automatiza o pagamento dela no Brasil, geralmente, não tem o dinheiro como preocupação e tem alguma confiança de que não será cobrado algum valor indevido por parte da empresa cobradora do serviço", disse. Muitas pessoas escolhem a conta que ela vai pagar. Um trabalhador autônomo, por exemplo, não recebe sua renda de uma vez só e pode ser que ele não tenha todo o valor para pagar uma conta, então ele vai esperar passar mais uma semana. Se ele tiver no débito automático, ou no Pix automático, o dinheiro dele vai embora, eventualmente ele entra até no cheque especial da vida, que tem juro maior do que um pagamento em atraso", explicou.
Como vai funcionar na prática
O Banco Central definiu apenas regras básicas de como o Pix automático deve ficar disponível em cada plataforma bancária. Assim como no Pix, não há um padrão para a utilização do serviço. Cada instituição financeira dá a sua "cara" ao uso da plataforma, mas, no fim, todas devem permitir ao consumidor transferir dinheiro e realizar pagamentos sem o pagamento de nenhum tipo de taxa.
Pix agendado recorrente
Outra opção será o Pix agendado recorrente, este para pagamento de pessoas físicas, e que vai abranger transações mais pessoais como mesadas, doações, aluguel entre pessoas físicas e prestação de serviços recorrentes, como diarista, terapia e personal trainer.
Pagar contas no Pix
Segundo os sócios da Conta Comigo Digital, as pessoas devem se habituar a pagar mais contas por Pix. Atualmente, muitos serviços já oferecem faturas com duas opções de pagamento, com um código de barras -- para pagamento de boleto ou de um convênio -- e um QR Code, via Pix.
Para o consumidor, o pagamento é indiferente, mas para as empresas, o custo operacional do Pix é mais em conta. "O sucesso está muito mais no Pix do que no automático. Atualmente, o meio de pagamento mais barato no mercado de concessionárias é o débito automático, custando R$ 0,18 por operação. No Pix, os valores operacionais variam entre R$ 0,00 e R$ 0,15", concluiu.
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