Economia

Ata do Copom prevê novos cortes de juros de 0,50 pp no curto prazo

Documento da última reunião menciona cenário externo, inflação caindo e importância do compromisso fiscal

As discussões à cerca do resultado fiscal do ano que vem figuram entre os motivos de atenção observados pelo Banco Central no cenário presente. Na Ata da reunião realizada na semana passada, que decidiu por novo corte de 0,50 ponto percentual nos juros em 01/11/2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) expõe nesta 3ª(07.nov) razões para a autoridade monetária manter no ar a expectativa por novos cortes de mesma magnitude. Mas manter igualmente a cautela. 

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Ata do copom

No parágrafo 10 o documento vai ao ponto objetivamente: " O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.

O caso é que as incertezas quanto ao cumprimento da meta de déficit zero para 2024 cresceram. Foi a senha para o Copom reafirmar o peso que a responsabilidade fiscal tem na condução da política econômica. 

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas" = Copom

Inflação no longo prazo

No horizonte relevante, relaciona o Copom, as projeções de inflação estão acima da meta. Preços administrados para o ano que vem e a própria atividade econômica alicerçada no mercado de trabalho seriam fatores de possível influência sobre os preços. Muito trabalho pela frente no combate à inflação, sugere o Comitê. 

Repercussões

ANDRÉ PERFEITO - economista e consultor

"A leitura comparada das últimas atas reitera a visão cautelosa da Autoridade Monetária reforçando assim a perspectiva que o corte total da SELIC não será tão grande quanto o mercado inicialmente espera. Mantenho a projeção de SELIC terminal em 10,75% em 2024. No parágrafo 27, quando entra nas considerações sobre a condução da política monetária, lemos: ' Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário1. O Comitê (ressalta ainda) (enfatiza) que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular (as) (daquelas) de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos."

NICOLAS BORSOI - economista-chefe da Nova Futura

"Uma mensagem mais cautelosa, dando destaque à piora no cenário externo e à falta de vetores significativos de desinflação à frente, em uma conjuntura de expectativas de inflação desancoradas e crescentes dúvidas sobre a credibilidade das metas fiscais. A mensagem é que o ritmo de 0,50% deve seguir no curto prazo, mas que o tamanho do ciclo de cortes dependerá da reancoragem das expectativas (o que, na visão do BC, depende da fatores da atuação do próprio BC e das autoridades fiscais) e que a taxa Selic deve seguir em terreno restritivo durante o horizonte de política monetária (ou seja, Selic acima de 8,5%, pelo menos, até 2025). Sigo com o cenário de Selic a 11,75% em 2023 e 10% em 2024. 

ALEXANDRE MATHIAS - CEO da Kilima Asset Management 

"A Ata do Copom trouxe uma mensagem de cautela ao enfatizar a necessidade de perseguir a ancoragem das expectativas e a convergência da inflação para as metas. O cenário internacional foi a principal mudança do balanço de riscos com a maior incerteza resultante da elevação das taxas de juros de longo prazo nos EUA e novas tensões geopolíticas. Na questão fiscal, o Copom avaliou que houve elevação da incerteza com a discussão da mudança da meta de primário, resultando em aumento do prêmio de risco". 

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