Melhoras na economia ajudam a geração de empregos, diz analista
Redução dos juros e a negociação de dívidas têm fortalecido as condições das famílias e das empresas
O Brasil gerou 211.764 mil novos postos de trabalho com carteira assinada no mês de setembro, e deve continuar a abrir vagas até o fim do ano. A avaliação da conjuntura é do economista e analista da Tendências Consultoria, Lucas Assis, com base nos dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho nesta 2ª(30.out).
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Feitas as contas, foram 1.917.057 admissões contra 1.705.293 desligamentos. Assim, ao longo do ano, são 1.599.918 postos de trabalho formais gerados; o estoque total passa a ser de 44.044.343 empregos. As 27 unidades da Federação tiveram crescimento na geração de trabalho, com liderança de São Paulo, que criou 47.306 potos. Os cinco grandes grupos de atividade econômica tiveram aumentos de formalizações. Veja a distribuição:
- Serviços: 98.206 postos (46% do saldo positivo de empregos) com destaque para Informação, Comunicação e atividades financeiras.
- Comércio: 43.465 com destaque para o Comércio Varejista (alimentos, supermercados e farmacêuticos)
- Indústria: 43.214 postos
- Construção Civil: 20.941 empregos
- Agropecuária: 5.942
O salário médio real de admissão em setembro foi de R$ 2.032,07, ou R$ 8,07 a menos do que o de agosto (R$2.040,14).
Perspectivas
Vai chegando o fim do ano e as projeções para os diversos setores começam a se consolidar. No caso do comércio, que tradicionalmente contrata nos últimos meses de cada ano, a tendência é de crescimento nos próximos meses. O economista Lucas Assis, da Tendências Consultoria, conversou com o SBT News sobre o cenário para o emprego.
SBT News - Como deve ser o horizonte para o emprego até fechar 2023?
Lucas Assis - Os dados do CAGED de hoje corroboraram a tendência de desaceleração na criação de vagas com carteira assinada, na margem sem efeitos sazonais. Apesar de um resultado acima do esperado agora em setembro. Depois de uma criação de 219,3 mil postos de trabalho em agosto, houve
abertura líquida de 211,8 mil postos de trabalho formal em setembro. A expectativa da Tendências é de criação de 1,4 milhão de novas vagas em
2023.
SBT News - E como devem ser os próximos meses?
Lucas Assis - Para os próximos meses, especialmente outubro e novembro, o novo Caged deve apontar também para a criação de vagas em um nível ainda robusto. Acima dos 100 mil na série original mas pra dezembro a projeção é de um saldo negativo, em linha com a sazonalidade de demissão de vagas temporárias de fim de ano.
SBT News - E no ano que vem?
Lucas Assis - Pra 2024 a expectativa da Tendências é de criação de 700 mil novas vagas no país. O desempenho positivo da atividade econômica deve sustentar a criação de postos de trabalho celetistas [CLT] no próximo ano por conta de uma melhora no ambiente doméstico, de condições financeiras das famílias e empresas em função da queda da Selic e dos efeitos positivos das renegociações de crédito pra inadimplência.
Não se descartam também novos efeitos da flexibilidade introduzida pela reforma trabalhista de 2017 ao mercado de trabalho formal por conta da terceirização irrestrita e da redução da insegurança jurídica nas contratações com carteira assinada.
SBT News - E 2024 vai repetir este ano?
Lucas Assis - A projeção para o próximo ano é relativamente menor do que a de 2023, já que o mercado de trabalho formal deve ser atingido de forma desfasada, pela redução dos efeitos diretos e indiretos da produção agrícola, pela desaceleração adicional de serviços e consumo das famílias e pela limitação dos setores mais sensíveis ao ciclo, como indústria e investimentos, ainda afetados pelos níveis elevados da taxa de juros e do menor crescimento econômico mundial.
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