Economia

Sem novas regras fiscais juros não vão baixar, avalia economista

Para Álvaro Frasson, do BTG Pactual, um plano fiscal positivo é aquele que gaste com responsabilidade

Enquanto o governo não apresentar as novas regras fiscais, que vão substituir o teto de gastos, não haverá ambiente econômico no país para a queda de juros. Mas, não basta o texto. O cenário só irá mudar quando o mercado financeiro e o Banco Central (BC) perceberem que as medidas serão suficientes para manter a inflação controlada. 

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A mensagem ficou clara na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta 3ª feira (28.mar), que explica a manutenção da taxa básica de juros em 13,75%. O entendimento também foi ratificado pelo economista do Banco BTG Pactual, Álvaro Frasson, em entrevista ao programa Poder Expresso, no SBT News

Para ele, o discurso feito até o momento parece difícil de ser efetivado e o mercado aguarda ansioso pelos parâmetros que serão apresentados. 

"Dizem que será crível, haverá controle forte das despesas e que atenderá a todas as necessidades da sociedade e, ainda assim, irá gerar um superávit ou zerar o déficit primário, em 2024, sem elevação da carga tributária. Eu confesso que esses parâmetros são bastante difíceis de ser atendidos concomitantemente. É por mais esse fator que o mercado está bastante curioso porque parece um plano muito próximo da perfeição", afirmou. 

Álvaro Frasson diz que após a apresentação do arcabouço fiscal, o mercado vai fazer suas contas para saber se essas novas regras fiscais darão conta de estabilizar a dívida bruta brasileira em algum momento do tempo. "Se isso for feito sem alteração do sistema de metas de inflação é mais uma sinalização positiva", avaliou. 

Assista à integra da entrevista:

SBT News - Qual foi o principal recado da ata do Copom divulgada nesta terça? 
Álvaro Frasson - A ata do Copom foi assertiva e mostrou porque não há espaço para queda dos juros em março. O principal foi a expectativa de inflação. Não importa se tiver um arcabouço fiscal apresentado, se mudar meta de inflação, se tiver uma contração maior do crédito, se isso não reancorar a expectativa de inflação para próximo da meta de 3%. Quando se fala que o arcabouço precisa ser crível, sobretudo para quem forma expectativas de inflação acreditar que será positivo para a economia, é um ponto super importante.  

SBT News - O que pode garantir a reancoragem? 
Álvaro Frasson - A reancoragem depende basicamente de a sociedade acreditar que os preços não vão crescer mais ou até diminuir, desinflacionar seu ritmo e crescimento de preços. Isso se dá se a trajetória da dívida estiver controlada ou estiver crível pelo mercado que ela será controlada. Uma inflação menor é geralmente acompanhada de uma meta de inflação menor. Se você empregar esses dois fatores, isso ajuda a ter uma reancoragem das expectativas. Por isso o mercado aguarda com tanta ansiedade quais são os parâmetros e mais detalhes em relação ao novo arcabouço fiscal. Aí o mercado vai fazer suas contas e entender se essas novas regras fiscais dão conta de estabilizar a dívida bruta brasileira em algum momento do tempo. Se isso for feito sem alteração do sistema de metas de inflação é mais uma sinalização positiva. 

SBT News - O ministro Fernando Haddad disse que o novo arcabouço fiscal será apresentado esta semana. O que precisa estar neste texto ou que não pode estar nesse novo modelo? 
Álvaro Frasson - Quando os membros do governo falam do novo arcabouço, dizem que será crível, haverá controle forte das despesas, mas que atenderá a todas as necessidades da sociedade e, ainda assim, irá gerar um superávit ou a zeragem do déficit primário, em 2024, sem elevação da carga tributária. Eu confesso que esses parâmetros são bastante difíceis de ser atendidos concomitantemente. É por mais esse fator que o mercado está bastante curioso porque parece um plano muito próximo da perfeição. Se for isso, quais são os parâmetros, como vai funcionar? Um plano fiscal positivo é aquele que gaste com responsabilidade. O crescimento das despesas não seja atrelado ao indicador de inflação, mas sim às demandas da sociedade, mas que também tenha capacidade de justificar com maior qualidade alguns gastos. E outro fator é a capacidade de esse novo arcabouço gerar um superávit primário, e as receitas serem maior que as despesas. Quanto antes isso acontecer, antes se estabiliza a dívida bruta e isso ajuda a reduzir os freios e risco da economia e consequentemente as expectativas de inflação. 

SBT News - A ata diz que não há reação mecânica apenas à apresentação da nova âncora, é preciso esperar a acomodação. Qual seria esse prazo? 
Álvaro Frasson - Uma vez apresentado, é preciso que os agentes de economia façam seus esforços para entender o arcabouço e a partir daí inserir em seus modelos de inflação para saber se vai convergir para uma expectativa de inflação menor. É preciso dar tempo. Se será uma semana, ou quatro semanas, não é possível prever. O Banco Central reage depois que os eventos são colocados. O Banco não pode cortar juros apenas na expectativa da apresentação da nova âncora.

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