Bancos sabiam de operações de "risco sacado" da Americanas, aponta relatório

Um documento do escritório de advocacia Zveiter, administrador judicial da Americanas, mostra que bancos tinham conhecimento do "risco sacado" da varejista, que acabou causando o rombo nas contas da empresa.

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A informação pode mudar o curso das investigações, já que, até então, os bancos alegam desconhecimento sobre as operações realizadas pela Americanas. 

Segundo o relatório, meses antes da divulgação do rombo, já havia o registro de conhecimento dos bancos no Sistema de Informação de Crédito (SCR) do Banco Central, instrumento de preenchimento ordinário obrigatório pelas instituições financeiras, utilizado pela supervisão bancária para acompanhar essas instituições na prevenção de crises. 

Apesar de terem conhecimento das operações, os bancos não teriam informado essas dívidas em suas respostas para as auditorias contratadas no caso.

"A Companhia apresentou ainda informações sobre a dinâmica da realização das operações de risco sacado (forfait) com as principais instituições financeiras, onde se verificam as cotações e as aprovações internas da companhia. De acordo com as informações prestadas pelas recuperandas à CVM, anexadas no incidente sigiloso indicado, verifica-se a alegação de que haveria contradições nas respostas apresentadas por instituições financeiras às cartas de circularização durante o processo de auditoria", diz trecho do documento.

O que é risco sacado?

O "risco sacado" é uma modalidade de antecipação de recebíveis. Neste tipo de operação, a Americanas comprava produtos a prazo dos fornecedores e os bancos adiantavam pagamentos aos fornecedores à vista, com desconto dos juros. A varejista então ficava responsável por pagar a dívida aos bancos.

Essas operações, porém, não vinham sendo reportadas nos balanços patrimoniais da empresa, e ao serem reveladas, fizeram com que investidores perdessem confiança na varejista, que viu suas ações despencarem.