Economia

O que é "locavorismo" e por que pode ser a solução para a fome no mundo

ONU-FAO defende o conceito de produção agropecuária em entrevista exclusiva ao Foco ESG

O consumo de alimentos produzidos perto de você, no seu bairro, cidade ou região, pode ser uma das mais eficientes soluções para a principal preocupação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (ONU-FAO). É que o mundo terá quase 10 bilhões de pessoas até 2050. O problema está no fato da população crescer mais rápido do que a capacidade de produção de alimentos.

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O agronegócio se empenha em aumentar a produtividade dos campos e lavouras. Seja com modiificações genéticas dos animais e plantas ou evoluções no manejo, que incluem -- ou excluem -- defensivos químicos e biológicos. O avanço, no Brasil, foi de 400% desde 1975. Mas, agora existe outro complicador: o aquecimento global. Bastante causado pelo desmatamento. Infelizmente, em boa parte, ligado ao agro.

A relação é insustentável por causa da influência que as florestas tem sobre o sistema de chuvas. A Amazônia, por exemplo, já perdeu 20% da vegetação. "Aos 25% chega ao ponto de não-retorno", diz o pesquisador-sênior da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Nobre. O ponto de não-retorno é quando não há mais o que fazer. Daí em diante, a mata se desertifica, deixa de evaporar umidade e gerar chuva.

É uma corrida contra o tempo, considera o representante da ONU-FAO. Antes que esse grande problema aconteça, muito mais adaptações seriam necessárias na agropecuária. Mas, não no modo como tem sido feito e, sim, o contrário. Talvez esse seja o principal desafio. Convencer o agro e os governos de que precisamos de menos insumos, mais naturalidade, menos concentração de poder e mais locais de produção.

"Quando se produz alimento perto do local de consumo, se tem menos desperdício durante o transporte, se usa menos combustível e ainda se incentiva produtores menores, a agricultura familiar", analisa Gustavo. A agricultura familiar produz 70% do alimento que chega à mesa do brasileiro. Ainda assim, esse subsetor agro diminuiu, de acordo com um senso do IBGE. De 2006 a 2017 a diferença foi de 9,5% a menos.

O motivo pode ser o fato desses produtores rurais terem menos retorno financeiro sobre os negócios. Plantam frutas e verduras. Não lidam com commodities. Ao mesmo tempo, durante os últimos quatro anos, viram incentivos diminuírem em valor disponível para empréstimo e em descontos nos impostos. Antes, pagavam taxas em torno de 3,5%. Atualmente, são reféns da Selic a 13,75%. Já as commodities tiveram aumentos.

O incentivo à produção e consumo de alimentos locais também ganha peso quando se analisa fatos recentes, como a pandemia de Covid-19 e a guerra instalada pela Rússia na Ucrânia. Situações que dificultam a logística global, tanto para distribuir os alimentos como os insumos para produzí-los. Não é à toa que o número de pessoas com fome no mundo aumentou, de 2021 para 2022, de 811 milhões para 828 milhões.

Confira a entrevista completa no videocast Foco ESG:

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