Gleisi defende que Campos Neto dê explicações ao Congresso sobre taxa de juros
Presidente nacional do PT questiona política monetária e diz que meta de inflação, de 3%, é "inexequível"
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu nesta 5ª feira (9.fev) que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja ouvido por integrantes do parlamento para explicar a política monetária adotada pela instituição.
Gleisi justificou que o partido não defende a alteração da lei que instituiu a autonomia do Banco Central, e sim o debate em torno da política adotada por Campos Neto. Para a petista a atual meta de inflação, fixada em 3% pelo BC é uma "meta inexequível".
"Por que o presidente do Banco Central e os diretores não podem vir ao Congresso falar como definiram a meta da inflação? Uma meta inexequível, de 3%. Qual é o país do mundo que está com uma inflação dessa?", indagou.
"Isso (taxa de juros) vai trazer recessão, vai trazer desemprego, esse é o problema. O país precisa de crescimento, precisa de emprego. Não pode ter uma política monetária que jogue contra isso. Não foi essa política aprovada nas urnas", provocou Gleisi. "Eu não vejo problema nenhum se ele (Roberto Campos Neto) está tão seguro que isso é correto, ou quem o apoia, de fazer um debate no Congresso Nacional. Afinal, foi indicado e foi aprovado pelo Congresso Nacional", justificou.
Nos últimos dias, Gleisi tem encabeçado uma 'campanha', dentro do partido e no governo, contra a política monetária adotada por Campos Neto. O movimento ganhou adesão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e gerou preocupação entre ministros do próprio governo.
"Eu acho que o que a gente precisa fazer é tirar esse tabu que não pode discutir política monetária. Não tem como você discutir desenvolvimento econômico-político no país se você não colocar essa discussão. Ninguém aqui está questionando, querendo mudar a legislação do Banco Central. Pode ser até que tenha alguém que queira, mas esse não é o foco, pelo menos do governo, eu acho que não. Nós queremos é discutir".
Para a presidente da sigla, o tabu - como classifica o debate em torno da política do BC, pode prejudicar o crescimento e impactar negativamente na geração de empregos. "É ruim para o país. O Banco Central é uma autarquia, o Banco do Tesouro Nacional. É claro que é importante, tem a legislação do mandato, mas isso não dá o direito ao Banco Central, de intervir para que a economia do Brasil vá mal", conlcuiu.