Alimentação em casa foi o que mais contribuiu para aumento da inflação
Índice fechou em 5,79% em 2022, acima do teto estipulado pelo Conselho Monetário Nacional
A inflação fechou 2022 com um aumento de 5,79%, ficando acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que era de 3,5% com teto de 5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), levantamento usado pelo governo federal como índice oficial de inflação do Brasil, foi divulgado pelo IBGE nesta 3ª feira (10.jan).
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O crescimento foi menor do que em 2021, quando a inflação teve alta de 10,06%.
Segundo o IBGE, o resultado acumulado de 2022 foi afetado, principalmente, pelo grupo de alimentação e bebidas, que teve aumento de 11,64% e um impacto de 2,41 pontos percentuais no acumulado do ano. Entre os alimentos em destaque, estão a cebola, que teve alta de 130,14%, a batata-inglesa, com aumento de 51,92%, o leite longa vida, com 26,18%, frutas, com 24,00% e o pão francês, que teve alta de 18,03%. No acumulado do ano, a inflação da alimentação dentro de casa ficou em 13,23%.
"No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Já os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%", explicou o analista de preços do IBGE, André Almeida.
A maior variação veio do grupo Vestuário, com 18,02%, e altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. Os preços das roupas femininas e das roupas masculinas subiram acima de 20% no acumulado do ano, 21,35% e 20,77%, respectivamente.
Uma das principais matérias-primas da indústria de vestuário, o algodão, teve alta acentuada entre abril de 2020 e maio de 2022, período mais crítico da pandemia de covid-19. "Os custos de produção subiram e houve uma retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia de Covid-19", afirmou André.
As passagens aéreas também estão entre as altas do ano, com um aumento de 23,53% e que contribuiu com 0,14 p.p. no acumulado de 2022.
Veja tabela de variação mensal do IPCA em 2022:
Mês | Variação (%) | |
Mês | Ano | |
Janeiro | 0,54 |
0,54 |
Fevereiro | 1,01 |
1,56 |
Março | 1,62 |
3,20 |
Abril | 1,06 |
4,29 |
Maio | 0,47 |
4,78 |
Junho | 0,67 |
5,49 |
Julho | -0,68 |
4,77 |
Agosto | -0,36 |
4,39 |
Setembro | -0,29 |
4,09 |
Outubro | 0,59 |
4,70 |
Novembro | 0,41 |
5,13 |
Dezembro | 0,62 |
5,79 |
IPCA em dezembro
O IPCA de dezembro teve alta de 0,62%, um aumento de 0,21 ponto percentual em relação a novembro, quando o índice foi de 0,41%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados, incluindo alimentação e bebidas, habitação, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, tiveram alta no último mês de 2022.
A maior variação foi na área de Saúde e cuidados pessoais, que em dezembro foi de 1,60%. Em novembro o aumento foi de apenas 0,02. De acordo com o IBGE, a alta está relacionada ao aumento nos preços dos itens de higiene pessoal (3,65%), em particular os perfumes (9,02%).
Para o cálculo do índice de dezembro, foram comparados os preços coletados entre 30 de novembro e 27 de dezembro de 2022 com os preços vigentes de 28 de outubro a 29 de novembro de 2022.
Alimentação fora do lar
No mês passado, a inflação da alimentação fora do lar ficou em 0,52%, fazendo com que, no acumulado do ano, o índice do setor alcançasse 7,47%. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), os dados mostram "que os bares e restaurantes continuam segurando os repasses dos principais insumos para os cardápios".
De acordo com o presidente-executivo da entidade, Paulo Solmucci, apesar de ter havido o retorno do movimento dos bares e restaurantes, o setor permanece "represando parte dos aumentos dos insumos". "Esse é um movimento histórico, se você pegar um espaço mais amplo, como os últimos dez anos. Parte é explicada pelo ganho de produtividade no setor, movimento acelerado pela pandemia, mas outra parte se deu pela falta de condições de aumentar o cardápio num ano de retomada. O fato é que, em termos relativos, diminui a distância entre o custo de se comer em casa do custo de se comer em bares e restaurantes", complementou.
**Reportagem atualizada às 15h20 de 11/01/2023