Guedes fala sobre imposto e provoca: "Seu funcionário paga 27%. Você zero?"
Ministro da Economia participa da Brasil Export, evento de logística em Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou do Brasil Export, evento de logística que começou na manhã desta 4ª feira (19.out), em Brasília. Aos empresários presentes, discursou sobre o que a pasta fez durante os últimos três anos e 10 meses. Como um dos saldos, citou que conseguiu "criar uma classe média maior. Antes tinham muitos pobres".
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Há cinco dias, a Tendências Consultoria revelou que as classes D/E, com rendimentos familiares mensais de até R$ 3,1 mil, são 55,4% da população. Em 2012 eram 48,7%. Enquanto isso, as outras diminuíram. A classe C foi de 32,6% para 28,5%. A B, de 15% para 12,6%, e a A, de 3,7% para 3%.
Talvez, essa realidade poderia ser invertida com a redistribuição de renda, incluída na reforma tributária. O tema foi levantado por um dos participantes do evento, que perguntou por que o projeto está parado. Seria justamente por causa da ideia de taxar mais os ricos e menos os pobres.
"Aprovamos na Câmara e foi 'obstacularizada' no Senado. Porque nós haviamos colocado a tributação de lucros e dividendos. Toda vez que você põe um benefício social maior, como o Auxilio Brasil, que foi de R$ 200 para R$ 400, de R$ 400 para R$ 600, é preciso. Essa reforma é incontornável. O mundo todo está cobrando. O Brasil que é o país da jabuticaba, 160 mil pessoas foram isentas. Eles dizem que as empresas já pagam. Nós não queremos que a empresa pague. Queremos que a empresa pague menos, para poder investir. No Chile as empresas pagam 10%. Aqui seriam 15%. Mas, o empresário pagaria mais pela renda. Hoje, seu funcionário paga 27%. Você, zero? É vergonhoso", opinou o ministro.
Para se defender de possíveis reclamações do empresariado, Guedes defendeu que trabalha para separar a política da economia. O posicionamento agrada o mercado financeiro e pode atrair investimentos, além de manter estável a diplomacia do Brasil.
"É bem provável que o Brasil, em uns 15 anos, esteja no Conselho de Segurança da ONU", previu ao falar sobre a atuação do Brasil nas decisões sobre como lidar com a guerra instalada pela Rússia na Ucrânia. "Discordamos da disputa. Mas, ao mesmo tempo, votamos para não expulsar a Rússia [dos blocos econômicos]. Porque se você expulsa, você declara guerra, se você mantêm, você condena. Então, nosso discurso é muito coerente lá fora. Aí dizem que o Brasil não é convidado para nada. É abobrinha. Ao contrário, seria mal visto se? Bem, eu não posso falar", concluiu, evitando falar de adversários políticos.
Em um momento diferente, porém, criticou Luiz Inácio Lula da Silva, sem citar diretamente o nome do ex-presidente. "É um tolo, despreparado. Dizer que quero vender praia. É para vender o terreno na frente da praia, para hotéis, resorts", defendeu-se em relação à venda de grandes áreas da União a estrangeiros.