Economia

Por que com a recuperação do turismo, as passagens aéreas continuam caras?

Agosto foi de ritmo 0,1% maior que fevereiro de 2020, diz IBGE. Mas, ainda há trecho custando 42% a mais

O período pós-pandemia está com muitas características já esperadas e outras nem tanto. Por exemplo, a produção industrial foi prejudicada. Por consequência, as exportações também. Até aí nenhuma surpresa. Assim como aconteceu no setor de turismo, que praticamente não operou em quase dois anos. No entanto, recuperou o patamar de antes da crise sanitária recentemente.

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Agosto foi o primeiro mês com movimentação maior que fevereiro de 2020. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), 0,1% a mais. É pouco, porém, animador para quem trabalha na área. Na comparação com o mês anterior, julho, o aumento é de 1,2%. Em junho já houve alta. Então, o acúmulo é de 2,7%. No período de janeiro a agosto, 39,1% a mais que o mesmo período do ano passado.

Para o IBGE, o turismo se recuperou em todos os serviços. Tanto pelo acesso a restaurantes e hotéis, assim como na locação de automóveis e transporte aéreo. O que faz muitos usuários se perguntarem: seriam motivos para os valores cobrados também voltarem ao patamar anterior à pandemia? A dúvida vale, principalmente, para as passagens aéreas, que continuam com valores acima do comum.

O que explica o valor da passagem aérea

Durante os sete primeiros meses do ano, a média de valor da passagem aérea ficou em R$ 606,42, segundo a Agência Nacional de Aviação (Anac). São 20,8% a mais que no mesmo período de 2019 e o maior nível desde 2012.

Só que existem comparações mais relevantes, conforme levantamento do site de viagens Kayak. Há uma semana, a ponte Rio-São Paulo foi cotada a R$ 640, 11,59% mais cara que em 2019. O trecho de São Paulo para Brasília está 30,79% mais alto, a R$ 794. Já da capital gaúcha para a paulista o consumidor está pagando 42,27% a mais, com o bilhete custando em torno de R$ 1.063.

Quando esses valores podem diminuir? "Está difícil até prever", diz a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que justifica a resposta com a volatilidade do câmbio e do petróleo. Conforme a entidade, o combustível representa 40% do custo de uma viagem aérea. Antes da pandemia eram 25%.

Porém, a Petrobras tem baixado o preço do querosene de aviação (QAV). Os últimos três reajustes foram para baixo. Em 29 de setembro, de -0,48%. No início do mês a queda foi de -10,4%. Em agosto, -2,6%.

Mesmo assim, as companhias aéreas reclamam que está mais que o dobro na comparação com o período pré-pandemia. Em setembro de 2019, a Petrobras vendia o QAV a R$ 2.100 o metro cúbico. No mesmo mês desse ano, a estatal vendia por R$ 5 mil o m³.

Além disso, há outros fatores, como precificação dinâmica, que analisa informações sobre oferta contra demanda por passageiros, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, preço do combustível de aviação, variação do dólar, entre outros.

O SBT News questionou se com os três reajustes no QAV seria possível para a principal companhia aérea operante no país, a Latam, reduzir o preço da passagem aérea. A empresa explicou, mas pediu mais tempo para avaliar reajustes:

A LATAM esclarece que a recente redução do querosene de aviação tem estabilizado o preço dos bilhetes. Há a expectativa que o câmbio também fique estável e o petróleo e o refino permaneçam em baixa, fatores que também impactam diretamente os valores das passagens. O patamar de preços segue elevado neste momento, mas está proporcional ao combustível.

Entre junho de 2021 e junho de 2022 a alta no QAV chegou a 102,4% no Brasil e essa conjuntura afeta diretamente os custos de operação, a precificação das passagens e a própria retomada do setor aéreo brasileiro. Como esse cenário ainda está volátil, é prematuro fazer qualquer projeção de queda dos preços das passagens neste momento.

Sobre a demanda de serviços, a justificativa de que não estaria como no período pré-pandemia foi deixada para trás.

A LATAM informa que vem acompanhando um crescimento sustentável na demanda por viagens domésticas e ampliando gradativamente a oferta de voos desde o segundo semestre de 2021. Esse esforço resultou na retomada de 100% na oferta de assentos do mercado doméstico em comparação ao período pré-pandêmico e na maior oferta de destinos domésticos da história da companhia, que hoje chega a 54 destinos (antes da pandemia eram 44). 

Já seria um dos fatores favoráveis para o setor reajustar os valores cobrados pelos tíquetes. Mas, pelo jeito, o consumidor ainda terá que esperar mais.

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