Economia

O que os candidatos a presidência NÃO falaram ou evitaram no debate?

Pauta empreendedora e projeto de crescimento do Brasil não foram propostos em confronto de ideias

Assista ao vídeo

Faltam poucos dias para que os brasileiros manifestem sua opinião através do voto e escolham o próximo presidente do país. E nessa reta final, alguns debates em canais abertos e de massa tem ajudado os eleitores na tarefa de analisar as propostas e discursos dos candidatos a presidência no dia 2 de outubro.
E é claro que eu não poderia deixar de me envolver e até mesmo me posicionar neste momento, afinal, primeiro como brasileiro e, depois, de acordo com os meus interesses e preocupações que estão totalmente voltados a pauta de empreendedorismo no Brasil. 

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Por isso, fiz questão de aceitar o convite e participei presencialmente do debate promovido pelo SBT na noite de 24 de outubro. Já adianto aos leitores da minha coluna que, infelizmente, senti falta de uma maior abordagem por parte dos candidatos presentes no que diz respeito ao assunto em seus respectivos planos de governo. 


E a maior implicação dessa ausência em minha opinião? Nenhum deles deixou claro quais são os planos para o apoio ao empreendedorismo e consequente crescimento do Brasil nos próximos anos, o que é muito preocupante já que são os empreendedores que fazem o Brasil acontecer. 
Isso posto, convido você a ver o vídeo da minha entrevista dada ao SBT ao final do debate com minhas impressões, que complementa essa introdução acima.

Mas, principalmente, se assim como eu você deseja entender melhor a proposta de cada um para a pauta do empreendedorismo e baseado na minha presença no debate (e pela boa provocação do repórter ao me indagar sobre o plano de governo dos candidatos), em parceria com o Portal Startupi aprofundamos no assunto e fomos atrás do que cada candidato tem como proposta com foco no empreendedorismo e inovação no Brasil. 


O que os presidenciáveis têm a dizer sobre a nova economia, empreendedorismo, negócios e inovação? 

Ciro Gomes (PDT)


O candidato do PDT, Ciro Gomes, divulgou em seu programa de governo, as principais diretrizes do chamado "Projeto Nacional de Desenvolvimento". Logo no início, ele pontua que hoje o Brasil ocupa o 84º lugar no ranking dos países mais desenvolvidos do mundo, e cita como prioridades o "investimento na ciência e desenvolvimento tecnológico" e "aumentar a quantidade e qualidade dos empregos, reduzindo a informalidade", para mudar esse cenário.

Sobre crescimento da economia e geração de empregos, a proposta do candidato do PDT defende uma reforma tributária fiscal, e cita:

  • Redução de subsídios e incentivos fiscais em 20% no primeiro ano de governo;
  • Recriação de imposto sobre lucros e dividendos distribuídos;
  • Adoção do princípio do orçamento base zero e exame detalhado dos gastos,
  • E taxação das grandes fortunas (0.5% sobre fortunas acima de RS 20 milhões)

O projeto cita algumas vezes a importância do empreendedorismo para o crescimento econômico no Brasil, como quando diz: "Também deveremos: criar políticas afirmativas em relação às compras públicas de empresas de empreendedores negros, bem como linhas de crédito especificas."
O programa também cita diretamente as startups. Sobre tecnologia, o programa de Ciro Gomes diz:

"A pesquisa científica e tecnológica voltará a ter um papel primordial no crescimento do país, com elevação dos recursos públicos destinados ao setor e a criação de estímulos para desenvolvimento de tecnologias em ações conjuntas com empresas e ao surgimento e maturação de startups, incluindo mecanismos específicos de financiamento."

Jair Bolsonaro (PL)

O programa "Pelo Bem do Brasil", divulgado pelo atual presidente da República, apresenta o projeto de governo de Jair Bolsonaro para os próximos quatro anos. O documento posiciona o empreendedorismo como pilar do crescimento econômico no Brasil, e fala sobre "reformas estruturantes, a fim de garantir o emprego e renda e a retomada do crescimento econômico, simplificar a legislação e reduzir a carga tributária, prosseguir nos avanços da legislação trabalhista para facilitar as contratações, desburocratizar e desregular as normas para favorecer a criação de empresas e o empreendedorismo."


Com boa parte do material focado em empreendedorismo e liberdade econômica, destaca-se ainda o trecho que fala sobre "empreendedorismo como ferramenta de transformação das mulheres", com uma série de programas e iniciativas para a projeção econômica e inclusão produtiva das mulheres.
Contemplando as startups em seu programa de governo, o candidato à reeleição prevê:

"a ampliação dos produtos financeiros de apoio às startups, com maior prioridade de recursos para capital semente, incluídos os não reembolsáveis, e com incremento para fundos de venture capital em inovação e infraestrutura; o fortalecimento dos instrumentos financeiros de apoio às micro, pequenas e médias empresas ? MPME para inovação e sua inserção na economia digital; e o direcionamento e priorização da atuação dos bancos de desenvolvimento para projetos e atividades não atendidos de forma adequada pelo mercado, para a transformação da estrutura produtiva e no financiamento dos processos de aumento da produtividade, da competitividade e da sustentabilidade, sobretudo e áreas portadoras de inovação."


Lula (PT)

As diretrizes para o chamado "Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil", apresentadas pelo ex-presidente e candidato à presidência Lula, critica a política econômica vigente e apresenta alternativas para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, garantindo apoio às micro e pequenas empresas e aos empreendedores.

Se eleito, Lula quer "facilitar o acesso ao crédito para micro e pequenas empresas, com novas linhas de crédito, melhores relações de trabalho e a retomada do Cartão de Crédito do BNDES", diz o documento.


O documento, com grande foco em tecnologias verdes e inclusão social a partir do empreendedorismo, também afirma que uma das prioridades da chapa é assegurar "crédito facilitado, assistência técnica e, em gestão, acesso à tecnologia, prioridades em compras públicas e superação de burocracia" para os empreendedores brasileiros. Em um trecho específico, cita também o fomento ao empreendedorismo feminino.


O programa de Lula prevê uma "transformação digital no Brasil", que promete assegurar internet de qualidade em todo território nacional e garantir inclusão digital.

"É imperativo elevar a taxa de investimentos públicos e privados e reduzir o custo do crédito a fim de avançar com uma reindustrialização nacional de novo tipo, acoplada aos novos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia. Faz parte desse esforço o desafio de reverter a desnacionalização do nosso parque produtivo e modernizá-lo", diz a proposta.

Simone Tebet (MDB)


O documento "Princípios, Diretrizes e Compromissos", apresentado pela candidata do MDB, é aberto com dados sobre desemprego e inflação no país. "O país precisa de uma verdadeira reconstrução, ampla e abrangente.

Que vai muito além da economia, mas começa por ela, porque só a retomada do crescimento é capaz de nos permitir acabar com a fome e a miséria, reduzir as desigualdades, voltar a criar empregos e gerar renda no volume e na qualidade que nossa população necessita."


Com um programa voltado fortemente para educação, Simone também abarca temas como empreendedorismo, tecnologia e inovação em seu projeto. Sobre empreendedorismo, o foco da proposta é ampliar o microcrédito produtivo e unificar programas com foco em inclusão produtiva, com atenção especial a mulheres empreendedoras, pessoas com deficiência e regiões de menor renda.

Sobre tecnologia, o projeto afirma que, caso eleita, Simone irá "garantir a disponibilidade e a execução integral de recursos destinados aos fundos públicos de incentivo à ciência, tecnologia e inovação, sem contingenciamentos ou cortes.

" O projeto também prevê o fim dos impostos relativos à transferência de tecnologia, "liberando de barreiras tarifárias e não tarifárias insumos, máquinas e equipamentos necessários à pesquisa e ao desenvolvimento, e permitindo a entrada de pesquisadores e cientistas no país".
Para empreendedores, o documento diz que o objetivo da candidata é reforçar o papel do BNDES no apoio a pequenas e médias empresas, de tecnologia e toda a economia de baixo carbono.

Por fim, o projeto também cita diretamente um possível projeto destinado às startups: a criação de polos, em parceria com empresas privadas e universidades, voltados para o desenvolvimento regional e setorial, como desenvolvimento amazônico sustentável, desenvolvimento energético, desenvolvimento de softwares, automação e inteligência artificial.

Empreendedorismo não foi tema presente no confronto de ideias no debate dos presidenciáveis | Unsplash

Essa é a contribuição desta coluna [Negócios e Nova Economia] aqui no SBT News nesse momento de decisão. Minha sugestão é que você aprofunde ainda mais as suas pesquisas para que possa realizar uma escolha consciente e fundamentada.

Afinal, o que precisa ser considerado aqui é a capacidade e responsabilidade de fomentar o empreendedorismo, negócios e a Nova Economia no país e dar condições reais para que as startups e as micro e pequenas empresas, consigam cumprir com seu papel de gerar empregos, renda e desenvolvimento para o Brasil. 

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