Cresce chance dos EUA subirem juros em 0,75 p.p.; ruim para o Brasil
Com taxa mais alta nos EUA, Investimentos perdem força aqui e no resto do mundo
O mundo está com os olhos voltados para Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos. Ele passou o ano dizendo que essa inflação seria uma reação ao isolamento social e que não duraria muito.
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Pois é, como se não bastasse tal avaliação -- não que esteja errado. Talvez era, realmente, o que se percebia na época --, há um mês também disse que o FED não estava considerando aumentar as taxas de juros em 0,75 pontos percentuais.
Agora, antes mesmo dele demonstrar que mudou de ideia, o mercado financeiro prevê que não tem outro jeito, senão ajustar mais agressivamente a taxa básica de juros estadunidense. Os motivos, o SBT News adiantou.
Além da geração de empregos, o índice de preços ao consumidor, divulgado na 6ª feira (10.jun), mostra que o consumo continua elevado por lá. O que pode fazer Powell anunciar durante a reunião do Fomc, nesta 4ª feira (15.jun), aquele aumento fatídico.
Os 0,75 pontos percentuais na taxa básica de juros dos EUA estão mais perto e possível. Com base nos contratos futuros do Fed, a bolsa de valores de Chicago analisou que existe 92,7% de chance. Um dia atrás era de 34,6%, enquanto há uma semana era de 3,9%.
Só a probabilidade fez as bolsas de valores asiáticas minguarem no fechamento desta 3ª feira (14.jun). Em Tóquio, a Nikkei, caiu 1,32%. Em Seul, queda de 0,46%. Hong Kong ficou na mesma do dia anterior. No Brasil, a abertura foi quase à toa.
A B3 encerrou a 2ª feira no menor nível desde janeiro, aos 102.598,18 pontos, e abriu com uma leve reação de alta que durou minutos, depois, o gráfico mostra uma daquelas montanhas-russas bem radicais, com queda quase livre. Veja no gráfico:
A queda nas bolsas e a alta do dólar são um "movimento claro de venda de risco e busca de proteção. Então, deve se materializar com o governo norte-americano seguindo a trajetória de alta de juros. Ela não tem nem data e nem patamar para se encerrar. Mas, a gente estima aí, quando o proceso for concluído, Estados Unidos com taxa entre 3 e 4%, que para o mercado norte-americano é muito forte e tem impacto no mundo todo", analisa o doutor em economia e pofessor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Ballistiero.
No Brasil, o Banco Central espera esse anúncio para, então, fazer o próprio ao fim do dia. Para Ballistiero não existe dúvida: "O BC vai puxar a Selic mais uma vez, muito provavelmente a gente vai ultrapassar os 13% nesta 4ª (15.jun), o que certamente é uma tentativa de manter os dólares aqui. Mas que vai impactar fortemente a atividade econômica no segundo semestre. Nós vamos ver recessão. já se vislumbra, pelo menos, um último trimestre bem fraco", conclui.