Economia

Combustíveis: política energética tem mais impacto que guerra, diz analista

Professor do setor de inteligência da FGV avalia que país "não tem proposta clara para a questão"

Passado quase um mês de guerra no Leste Europeu, o brasileiro do outro lado do mundo já sente os efeitos causados nas economias afora. Entre importações e exportações, e disparada de preços, o impacto "já está dado", apesar do valor do combustível ter feito "um swing", oscilando nesses vinte e pouco dias. A afirmação foi feita pelo professor Leonardo Paz, analista de inteligência do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional (NPII) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar disso, de acordo com o especialista, o principal problema do país em relação ao tema é a "política energética do governo".

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Os preços do petróleo tiveram uma alta no meio do conflito. Com um cessar-fogo aparentemente próximo, o barril do produto ficou abaixo dos US$ 100 dólares, valor cotado antes da invasão. Nesse cenário, Paz avalia o impacto nos transportes "como, até então, curto", mas esclarece ser necessário aguardar um breve término para "tudo voltar ao normal".

+ Sem previsão de cessar-fogo, voluntários levam esperança a refugiados

No Brasil, em relação à Petrobras, na visão do analista, somente a gestão política poderá dar conta dos preços. "Por interferência ou não do governo, segurou o preço, quis 'jogar' de uma vez só e gerou essa confusão toda", afirmou. Com uma "política errática", o país "não tem uma proposta clara para a questão dos combustíveis", diz o professor. 

"É uma questão dupla: a alta instabilidade faz o governo e a Petrobras não ficarem afinados e elaborarem uma política estável para o país", afirma Paz. 

Efeito dominó, mas sem grandes aumentos 

Se o café e o pão, dois dos alimentos básicos do brasileiro, estão com os preços em disparada, a situação se deve ao "efeito dominó" que a alta -- ou a falta -- de um produto pode causar no restante da cadeia. 

Preço do trigo teve alta de 7,63% durante o conflito, maior valor em 13 anos | Pixabay

Segundo o analista, como a Rússia e a Ucrânia são dois grandes produtores de grãos e fertilizantes, a escassez ou o bloqueio desses itens afeta o setor. O preço do trigo, por exemplo, teve alta de 7,63%, maior valor já registrado em 13 anos

Sem fertilizante, não há indutor da produção agrária, "mas, aparentemente, isso só aconteceria se os fertilizantes ficassem restritos a partir do 2º semestre. Nesse momento, a safra já está mais ou menos garantida". 

Em relação a grãos, como milho, trigo e soja, as exportações são limitadas, impactando em outras cadeias alimentares. A soja e outros farelos são mais consumidos como proteína animal, vendidos para a alimentação de bois, vacas e porcos.  

Se um dos produtos no meio da cadeia passa por algum problema -- nesse caso, a soja --, os processos sequentes acabam por ter os preços incrementados, atacando diretamente o bolso do consumidor e impedindo a estabilidade dos preços. Ainda assim, finaliza o professor, "não devemos ter grandes aumentos". O brasileiro espera por isso.

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