Nova alta dos combustíveis deve levar inflação ao pico em outubro
Em entrevista ao Poder Expresso, economista Eduardo Martins aponta que reajuste não era esperado
O reajuste anunciado pela Petrobras nos preços da gasolina e do gás de cozinha, que entra em vigor neste sábado (9.out), vai pressionar a inflação e jogar o pico do acumulado de 12 meses para outubro, contrariando as previsões do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A avaliação é do analista econômico Eduardo Martins, da BMJ Consultores Associados.
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"Essa pressão no preço dos combustíveis não estava sendo prevista, pelo menos não pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Na fala que teve essa semana, ele disse que o pico inflacionário ia ser agora em setembro. Com esse novo aumento dos combustíveis, provavelmente o pico vai para o próximo mês", explicou em entrevista ao programa Poder Expresso.
Campos Neto afirmou durante uma palestra na Associação Comercial de São Paulo, na última 2ª feira (4.out), que a inflação atingiria seu maior nível em setembro. "Nós entendemos que, em termos de inflação de 12 meses, setembro deve ser o pico. A gente ainda tem uma inflação alta em setembro", disse.
Segundo o presidente do BC, neste ano, a inflação está sendo puxada pelo aumento dos preços da energia. A gasolina continua subindo, apesar da quase estabilidade do preço do combustível a nível internacional, pela alta do etanol, que faz parte da composição vendida no Brasil, e o aumento dos valores dos fretes. "O etanol subiu mais de 40% no ano e o frete subiu também", destacou.
Alternativas
O economista Eduardo Martins ressalta que, como anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante evento nesta 6ª (9.out), o presidente não irá interferir nos preços. Portanto, as opções para reduzir os valores são escassas.
"Ou com interferência do governo, o que nós estamos vendo que não será feito e que o mercado não vê com bons olhos, ou no preço do barril de petróleo ou câmbio reduzido. Não há muitas opções, talvez seja um ponto de embate que veremos nos próximos meses", ponderou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa que mede a inflação oficial do país, subiu para 1,16% em setembro, ante 0,87% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados, divulgados nesta 6ª feira (8.out), revelam a maior taxa para o mês de setembro desde 1994, quando o índice ficou em 1,53%. A inflação acumulada em 12 meses ultrapassou a marca simbólica dos 10%, somando 10,25%.