Produção industrial cai 0,7% em agosto, mostra pesquisa do IBGE
Pandemia, desabastecimento de matérias-primas, inflação e desemprego pressionam a manufatura brasileira
A produção industrial caiu 0,7% na passagem de julho para agosto, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta 3ª feira (5.out). Essa é a terceira queda mensal consecutiva. Com isso, a indústria fica 2,9% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado, quando a pandemia ainda não havia sido reconhecida mundialmente como uma ameaça, e 19,1% abaixo do nível recorde de produção, registrado em maio de 2011.
Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM). A queda registrada em agosto foi puxada por três das quatro grandes categorias econômicas e por 15 dos 26 ramos investigados pela PIM. O pior desempenho ficou com o ramo de outros produtos químicos (-6,4%), seguido por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,3%).
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O gerente da pesquisa, André Macedo, ressaltou que os resultados refletem os efeitos da pandemia de covid-19. "Há um desarranjo da cadeia produtiva, que faz com que haja encarecimento dos custos de produção e desabastecimento de matérias-primas para produção do bem final. Isso vem trazendo, pelo lado da oferta, mais dificuldade para o avanço do setor", disse.
Além disso, outros aspectos ligados à demanda doméstica são somados às intempéries enfrentadas pela indústria. "Há um contingente importante de trabalhadores fora do mercado de trabalho, e os postos que são gerados têm salários menores, ou seja, há uma precarização das condições de emprego. Também há retração da massa de rendimento e uma renda disponível menor para as famílias, por conta da inflação mais alta. Esses fatores afetam as condições de compra por parte das famílias", acrescentou Macedo.
Outras atividades que impactaram negativamente o índice geral foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos (-4,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,0%), produtos de borracha e de material plástico (-1,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-1,6%) e celulose, papel e produtos de papel (-0,8%).
Por outro lado, atividades que tiveram comportamento negativo nos meses anteriores registraram crescimento entre julho e agosto. Destacam-se produtos alimentícios (2,1%), bebidas (7,6%) e indústrias extrativas (1,3%). Metalurgia (1,1%), produtos de madeira (3,0%) e produtos têxteis (2,1%) também cresceram em agosto.