BNDES não vai mais financiar projetos de térmicas a carvão
Lista de vetos setoriais é sigilosa, mas foi confirmada ao SBT News
O BNDES não vai mais financiar projetos de térmicas a carvão e de extração de carvão mineral com essa finalidade. A lista completa de exclusão setorial é sigilosa, mas o veto de recursos para essas termelétricas foi confirmado ao SBT News.
"A decisão representa uma aceleração da nossa agenda socioambiental. Precisamos de medidas concretas", afirmou o diretor de crédito produtivo e socioambiental do BNDES, Bruno Aranha.
Desde 2016, o BNDES assumiu uma agenda para fomentar a energia limpa. Embora tenha investido em projetos de geração a partir de fontes renováveis, como eólica e solar, era alvo de críticas por liberar recursos para as térmicas a carvão que estão entre as fontes mais poluentes de energia, com grande impacto no aquecimento global.
"Queremos ser uma liderança junto a investidores para permitir uma retomada econômica sustentável. É importante que haja sinalização ao mercado de para onde o banco vai a partir de agora", ressaltou Aranha.
A ideia é destacar a medida na Conferência do Clima - COP-26, em novembro, para demonstrar compromisso com a descarbonização do planeta. Segundo Bruno Aranha, a lista de exclusão poderá ser ampliada, mas ele não revelou quais setores são alvo de análise no momento.
Os contratos já existentes serão mantidos. "Nossos contratos serão respeitados, estão em processo de liquidação. Então, acima de tudo, há segurança jurídica. O que estamos falando é uma medida que vai impactar o futuro", destacou.
Não há hoje nenhum pedido protocolado de financiamento de térmicas a carvão em tramitação no BNDES para análise e deliberação. O financiamento da UTE Pampa Sul foi o último de térmica a carvão mineral contratado pelo BNDES, em 2018.
Fim do carvão até 2030
Há anos, organizações não governamentais como o Greenpeace fazem manifestações para tentar acabar com as térmicas a carvão. Um dos pedidos é para que o governo assuma o compromisso pelo fim do carvão até 2030.
O Greenpeace aponta que vários países dependentes do carvão, como França, Reino Unido, Canadá e México, já assumiram compromissos com esse prazo.
Estudos apresentados em 2018, pelo Greenpeace apontavam que o carvão representava apenas 2,3% da matriz energética brasileira, mas era responsável por 20% das emissões de CO2.