De fato

Saiba o que é infodemia e como o fenômeno afeta a disseminação de desinformação

Crise sanitária trouxe excesso de informações verdadeiras e falsas sobre a covid-19 trazendo desconfiança e confusão

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia da covid-19 devido à rápida disseminação geográfica da doença. Desde então, o novo coronavírus causou a morte de cerca de 6,4 milhões de pessoas no mundo, além de trazer enormes prejuízos à economia mundial. 

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Segundo a OMS, o alastramento da doença também trouxe um excesso de informações -- verídicas ou não --, acarretando numa dificuldade de encontrar fontes confiáveis. Em trecho da declaração conjuta de organizações ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) divulgada em setembro de 2020 reforça que a infodemia tem uma característica muito específica.

Uma infodemia é uma superabundância de informações, tanto online quanto offline. Inclui tentativas deliberadas de disseminar informações erradas para minar a resposta de saúde pública e promover agendas alternativas de grupos ou indivíduos.

Antes mesmo de declarar pandemia, a entidade já somava esforços para conter a desinformação.

"Sabemos que qualquer surto será acompanhado por um tsunami de informações e que dentro disso também sempre haverá desinformação, rumores etc. Sabemos que até mesmo na Idade Média esse fenômeno ocorria", disse Sylvie Briand, diretora do Departamento de Doenças Pandêmicas e Epidemiológicas da OMS, em artigo publicado pela revista The Lancet, em fevereiro de 2020. 

Causas da infodemia

Em texto publicado pela ONG norte-americana First Draft, que atua contra a desinformação, argumenta que "quando nos deparamos com uma pandemia global como o coronavírus, as pessoas compartilham informações porque estão com medo e querem manter seus entes queridos seguros".

Mas, faz um alerta: "é nosso instinto natural tentar ser útil e alertar os outros. Mas caso compartilhe a coisa errada, você acidentalmente faz mais mal do que bem". 

A infodemia prejudica a visão do mundo do ser humano sobre a realidade e pode ser nocivo a saúde | WHO/Sam Bradd

Segundo a entidade, o ser humano tende a informação que reforça a sua visão de mundo e dizer aquilo o que pretende ser. 

A própria OMS ressalta que a desinformação pode ser prejudicial a saúde física e mental das pessoas, além de aumentar a estigmatização, ameaçando ganhos e conquistas na área da sáude, assim gerando uma narrativa negativa contra as medidas de saúde pública que beneficiam um grupo ou a sociedade.

Assim, colocando em risco as políticas públicas que visam por exemplo a interromper uma pandemia e causa polização no debate público em temas específicos, gerando risco de conflito, violência, violações dos direitos humanos, ameaçando até mesmo o avanço da democracia, direitos humanos e a coesão social.

A desinformação custa vidas. Sem a confiança adequada e informações corretas, os testes de diagnóstico não são utilizados, as campanhas de imunização (ou campanhas para promover vacinas eficazes) não atingirão suas metas e o vírus continuará a prosperar, diz trecho de declaração conjunta da ONU de 2020.

Termo foi citado pela primeira vez em 2003

Apesar de ter ganhado força nos últimos dois anos, o termo infodemia foi citado pela primeira vez em 2003 pelo jornalista e cientista político David Rothkopf, em uma coluna de opinião do jornal norte-americano The Washington Post.

O cientista político David Rothkopf cunhou o termo infodemia em 2003 | Reprodução/ABC News

A palavra mistura dois termos: epidemia e informação. Naquele momento, Rothkopf alertava para o fato de que o surto de Sars (outro tipo de coronavírus) em território chinês ultrapassasse as fronteiras do país e impactasse a economia mundial. 

"A história do Sars não se trata de uma epidemia, mas de duas, sendo a segunda aquela que escapou amplamente das manchetes, tendo implicações muito maiores do que a própria doença. Isso porque não é uma epidemia viral, mas sim uma "epidemia de informação" que transformou a Sars, ou síndrome respiratória aguda grave, de uma crise de saúde regional chinesa em um desastre econômico e social global. A informação endêmica - ou "infodemia" - fez a crise de saúde pública mais difícil de controlar  e conter", explica.

O que a OMS recomenda?

OMS defende o pleno acesso a informações de saúde confiáveis e a boa prática da gestão do excesso de informação | Pixabay

Além da defesa do acesso universal a informações de saúde confiáveis e criando a prática de resiliência à desinformação para as pessoas em todo o mundo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a importância de uma boa gestão do excesso da informação.

Para assim, reduzir seu impacto nos comportamentos nocivos durante as emergências de saúde. Com isso, a OMS aponta quatro tipos de atividades são recomendadas para a boa gestão da informação.

  1. Ouvir as preocupações e perguntas da comunidade
  2. Promovendo a compreensão dos conselhos de especialistas em risco e saúde
  3. Construindo resiliência à desinformação 
  4. Envolver e capacitar as comunidades para tomarem medidas positivas

SBT News De Fato

SBT News De Fato o serviço de checagens, verificação de fatos e educação mídiática do SBT. O objetivo é ser um núcleo de orientação e de informações ao público em relação ao conteúdo espalhado e distribuído na internet e pelas redes sociais. Nesta primeira fase, o grupo vai atuar no combate a desinformação durante o período das eleições gerais deste ano.  A escolha sobre o candidato deve ser tomada com base em informações verdadeiras e confiáveis. Por isso, o SBT News De Fato conta com uma equipe de jornalistas profissionais do SBT, regionais e afiliadas. São eles: SBT SP, SBT RioSBT ParáSBT RSSBT DF, TV Aratu (BA), SBT MT (MT), TV Tambaú (PB), TV Jornal (PE), Jornal do Commercio (PE), TV Allamanda (RO), TV Norte (AM, AC e RR), TV Cidade Verde (PI) e TV Ponta Verde (AL). Clique aqui e saiba mais.


>> Paulo Leite é jornalista no SBT DF e SBT News 


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