Projeto no Brasil estimula educação midiática para quem é 60+

Além de iniciativas no combate a desinformação como o Projeto Comprova no Brasil e o MediaWise pelo mundo, há outras organizações que estão preocupadas com a forma que as pessoas vêm consumindo conteúdo no universo digital.

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Também no país, a EducaMídia, um programa do Instituto Palavra Aberta, foi criado para capacitar professores e organizações de ensino, além de buscar engajamento na sociedade para o processo de educação midiática dos jovens e adultos. Daniela Machado, coordenadora do projeto EducaMídia, disse ao SBT News o propósito da educação midiática neste momento.

"Em todas as faixas etárias, a gente vê que a gente entende que a educação midiática está preparado para lidar com a informação e com a desinformação. E isso demanda um conjunto de habilidades para todo mundo"

Por isso, pensando no público com faixa etária acima dos 60 anos, o programa criou o 'EducaMídia 60+', que tem o objetivo de ajudar a desenvolver as habilidades essenciais para que eles possam participar do universo digital, e cada vez mais conectado, de forma segura.

O piloto do programa aconteceu em grupo do curso de gerontologia da Universidade de São Paulo (USP), onde, segundo Daniela, os profissionais explicam que existem vários tipos de velhices, ou seja, há vários perfis de velhices e cada público é diverso e tem uma demanda específica.

Para falar com este público há uma consciência de que para este público seria necessário materiais de uma linguagem que faça uma abordagem diferente.

"A gente entendeu que para falar com o público mais velho era importante ter essas diferenças de abordagem e começar muito dessa parte de que hoje todos nós somos também produtores de conteúdo não só consumidores".

Daniela ressalta que todos os públicos, de todas as faixas etárias, sempre precisam entender melhor como lidam com a informação. No entanto, foi percebido que o público mais sênior, precisaria de uma forma diferente de abordagem, com outro tipo de material, didática e linguagem para alcançar estas pessoas. 

Este recorte de público teve muitas outras vivências antes da chegada da internet. 

"O que tinha de informação disponível era aquilo que cabia na banca de jornal. Então, era um mundo de poucas opções de informação, o que é ruim... Mas, por outro lado, ele dava alguma segurança para a gente saber mais ou menos de onde veio aquele determinado conteúdo", contextualiza Daniela sobre a faixa de idade mais sênior.

Por isso, a coordenadora do EducaMídia explica que eles tinham poucas opções de informação e, agora, têm de lidar com infinitas possiblidades de consumo de conteúdo. 

"Que é esse que a gente vive hoje e que tem tantas opções de conteúdo. Então, eu sempre cito o exemplo do meu pai que tem mais de 80 anos e às vezes ele chega para mim e falando uma coisa assim absurda. Eu sempre pergunto: 'mas pai onde é que você viu isso?'. Ele fala que viu na internet", explica Daniela sobre o entendimento o público deste universo e completa sobre como que a abordagem de falar para este público é importante.  

O programa busca abordar com materiais mais básicos até os mais avançados sobre o acesso a internet, o uso e a responsabilidade das redes sociais, o universo da informação, golpes na internet, fake news e desinformação.

Mas, também a coordenadora ressalta que o EducaMídia conta com uma influenciadora de 68 anos, a Flávia Aidar, que já tinha presença nas redes sociais falando sobre questões ligadas a envelhecimento e a vida mais ativa para criar uma proximidade e conexão com este público.

"Falar meio que de igual para igual era mais simpático e mais engajador", explica Daniela. "A gente achou que para ser realmente mais efetivo, valia a pena primeiro trazer uma parceira que é uma pessoa que faz parte desse público, que é a Flávia, para não ficar algo pedante, contextualiza Daniela.

Flávia falou ao SBT News sobre os desafios da desinformação para o público sênior.

"Porque hoje não dá para ficar fora desse mundo digital tudo é digital, não é mesmo? Se a gente quer conversar com outros se a gente quer fazer uma transação bancária se a gente quer tirar um documento. Enfim, tudo passa pelas mídias digitais... Mas aí, resta um desafio enorme para todos, para nós que somos considerados não nativos digitais certamente às exigências são maiores. Então, é preciso que a gente não basta estar vivo. Que a gente siga pensando, siga se desafiando para aprender a lidar com os desafios tecnológicos que o nosso tempo -- o tempo presente -- que nós estamos aqui vivendo nos impõe. Então vamos lá", explica a influenciadora.

O programa disponibiliza para este público alvo e para pessoas que atendem diretamente este público, como cuidadores e profissionais da gerontologia um ebook, uma cartilha e vídeos que ensinam e alertam as pessoas sobre como consumir informação sem cair em golpes. Para conhecer mais, acesse o site https://60mais.educamidia.org.br/.

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