Restrições reduziram entrada da covid no Brasil, mas não circulação
Estudo do Butantan explica que viagens entre estados auxiliaram na disseminação do vírus
Um estudo do Instituto Butantan, em colaboração com outras instituições, apontou que as medidas restritivas adotadas durante a pandemia não foram suficientes para conter a circulação interna da covid-19. Segundo o texto, publicado na revista Nature Microbiology, as iniciativas diminuíram a importação e exportação do vírus, mas não deixaram de aumentar os casos da doença no país.
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O cenário pode ser explicado pelas viagens entre os estados, que continuaram acontecendo em 2020, facilitando a transmissão interna do coronavírus no Brasil. Os eventos de importação e exportação, que foram reduzidos naquele momento, também voltaram a subir após o relaxamento das medidas. O resultado, então, veio em janeiro de 2021, com a rápida disseminação de variantes de preocupação.
Outro achado do estudo foi que o Brasil exportou o vírus para outros países 10 vezes mais do que importou. "Esse dado pode indicar que as medidas internacionais foram mais efetivas do que as nacionais, diminuindo a chegada de novas variantes no país. Como as restrições no Brasil não foram tão severas em relação a viagens, por exemplo, acabamos exportando mais", explica o pesquisador do Butantan Vincent Louis Viala.
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No geral, as exportações brasileiras tiveram maior impacto nos países da América do Sul, sobretudo no Paraguai. Já em relação às importações, de acordo com Vincent, a maior parte foi procedente de países europeus. "Nós supomos que se o Brasil tivesse adotado uma restrição maior em relação a viagens europeias, poderíamos ter tido um menor número de casos", aponta.