Coronavírus

Ômicron pode mesmo causar fim da pandemia? Especialistas explicam

Comportamento da nova variante gera expectativa para possível volta à normalidade

Depois de dois anos de pandemia, a expectativa do mundo é que a vida finalmente volte à normalidade. Enquanto isso, a variante ômicron se dissemina rapidamente e coloca mais dúvidas sobre o pouco que a humanidade sabe sobre o novo coronavírus e como ele se comportará daqui para frente. 

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Por outro lado, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, disse, na última semana, que a pandemia de covid-19 pode estar se encaminhando para o fim na região. Segundo ele, a rápida disseminação da variante ômicron e o aumento da taxa de vacinação contra a doença devem colaborar para o fim da crise sanitária.

A notícia, que traz um pouco de esperança, no entanto, deve ser lida com atenção. "Nós não sabemos se virá uma outra variante. Se não vier uma outra tão infecciosa como a ômicron, talvez a gente chegue a uma doença em termos endêmicos", explica Jorge Kalil, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e médico imunologista. 

Uma endemia significa que a doença poderá vir de tempos em tempos, e irá afetar as pessoas não imunizadas ou com o sistema imune enfraquecido, como acontece com a gripe. 

"Muitas pessoas já foram vacinadas no mundo todo. Então, existe uma imunidade que foi desenvolvida contra a cepa original e contra as diferentes variantes. A ômicron, por infectar muitas pessoas, também vai induzir uma resposta", afirma o médico. "E se acredita que, depois disso, com os diferentes tipos de resposta e exposição ao vírus que toda a população mundial vai ter tido e, além de tudo, todos os projetos de imunização, é possível que a doença realmente diminua", acrescenta.

O perigo de novas variantes

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, advertiu sobre o crescimento global da ômicron e alertou que novas variantes provavelmente vão surgir. 

Ele sugere que o rastreamento e a avaliação permaneçam reforçados. Pontuou ainda sua preocupação com os países que têm baixas taxas de vacinação "pois as pessoas correm muito mais risco de doenças graves e morte se não forem vacinadas". 

De acordo com Gonzalo Bercina Neto, médico sanitarista e professor da USP, quanto mais o vírus se dissemina, mais cópias ele faz e, consequentemente, maior a probabilidade de ocorrerem erros. São esses erros que resultam em novas variantes. 

"A questão é que o erro tem de ser suficientemente capaz de se impor sobre os erros que a própria ômicron já tem, ou seja, ela ainda continua prevalente", explica. "Do ponto de vista probabilístico, é possível aparecer uma nova variante mais forte do que a ômicron, mas é muito difícil, porque a capacidade de infectividade da ômicron é fantástica", acrescenta. 

O médico reforça que, apesar da chance de não surgirem variantes capazes de se sobressaírem à cepa africana, é preciso fazer cada vez mais testes para identificar quem está infectado. Vigiar o vírus e fazer o seu sequenciamento genético faz com que se tenha maior conhecimento sobre algo que ainda gera muitas incógnitas e pode gerar consequências ainda mais desastrosas.  

Tal monitoramento, explica Gonzalo, no Brasil, ainda deixa a desejar.

"Nossa capacidade de vigiar o que está acontecendo no ambiente é muito pequena. Há uma despreocupação com essa doença, como se fosse possível que ela acabasse do nada. Está demonstrado que ela não vai acabar do nada e os riscos só fazem crescer. Temos que acordar para a realidade da doença. Com isso, eu não quero ser catastrófico. Mas quero que a gente acorde desse pesadelo", arremata. 
 

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