Coronavírus

Volta às aulas não deve ser condicionada à vacinação, dizem especialistas

Confira as principais dúvidas sobre a vacinação contra a covid-19 para crianças de 5 a 11 anos

O Ministério da Saúde incluiu crianças de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 nesta última 4ª feira (5.jan). No entanto, a pasta ainda não definiu uma data para o início da imunização da população infantil. A vacina para crianças foi autorizada pelo Ministério da Saúde após 20 dias da recomendação da adoção do imunizante pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 16 de dezembro. 

Com a previsão de chegada do primeiro lote de vacinas para crianças de 5 a 11 anos no próximo dia 13, o SBT News conversou com especialistas para tirar as principais dúvidas sobre a imunização pediátrica. Confira:

1. Qual é a composição da vacina? Como é armazenada?

A formulação da vacina para uso pediátrico é de duas doses de 0,2 mL (equivalente a 10 microgramas) e é igual a 1/3 da vacina para adultos. O imunizante utiliza a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). O material genético sintético, que carrega o código genético do SARS-CoV-2, estimula o organismo a gerar anticorpos contra o vírus. "A composição da vacina para crianças é a mesma da destinada aos adultos, somente a concentração é diferente. E a resposta imune e a mesma", destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o infectologista Renado Kfouri.

Por frasco há 10 doses da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, já para adultos, um frasco equivale a 6 doses de imunizante, segundo a Anvisa.

A vacina para crianças pode ficar armazenada por até 10 semanas, cerca de dois meses e meio, em uma temperatura entre 2°C e 8°C. Já a de adultos é por um mês em uma temperatura de 2°C a 8°C. 

2. Uma criança que está próxima de completar 12 anos, deve tomar a dose pediátrica?

A recomendação dos médicos é aguardar a criança completar 12 anos de idade e ser imunizada com a vacina disponível para adultos. Desta forma, a vacina terá mais eficácia na proteção contra o novo coronavírus.

Já se a criança tomar a vacina pediátrica na primeira dose e completar 12 anos antes da segunda dose, o recomendado pela Anvisa é que ela tome a segunda dose da vacina para crianças também. 

3. Qual será a ordem de vacinação?

Crianças com alguma comorbidade, como diabetes, ou deficiência estão no grupo prioritário. A vacinação será de forma decrescente. Ou seja, serão vacinados primeiro as crianças de 11 anos. Depois 10 anos e, assim, sucessivamente até chegar a vez das crianças de 05 anos. Confira a ordem da vacinação divulgada pelo Ministério da Saúde: 
a) crianças com 5 a 11 anos com deficiência permanente ou com comorbidades;
b) Crianças indígenas e quilombolas;
c) Crianças que vivam em lar com pessoas com alto risco para evolução grave de covid-19;
d) Crianças sem comorbidades, na seguinte ordem sugerida:
1. crianças entre 10 e 11 anos;
2. crianças entre 8 e 9 anos;
3. crianças entre 6 e 7 anos;
4. crianças com 5 anos.

4. Qual é a eficácia da vacina?

Segundo relatório divulgado em 22 de outubro, a Pfizer relatou que sua vacina para crianças é 90% eficaz na prevenção da covid-19.

5. Quais os efeitos colaterais?

A vacina da Pfizer causa efeitos colaterais muito leves, quando existentes. Dados da farmacêutica mostram relatos de que, após a segunda dose da vacina, algumas crianças relataram dor no local da injeção e outras reações sistêmicas, como fadiga e dor de cabeça. Renato Kfouri ressalta que os efeitos colaterais são pequenos, menores que o de adolescentes de 12 a 17 anos. "Febre, dor no corpo, mal-estar comum. Risco de miocardite bem menor do que em adolescentes, raríssimos casos", explica. 

Segundo a  vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Ballalai, no estudo clínico, realizado pela farmacêutica Pfizer, não houve registro de nenhum efeito adverso. A médica ressalta que nos Estados Unidos, das mais de oito milhões de doses de vacina infantil já distribuídas, cerca de 15 casos de miocardite foram notificados pela população e destes, 11 foram confirmados. Oito, das 11 com miocardite, já se recuperaram e as outras três estão em observação.  

6. É preciso autorização dos responsáveis para a vacinação? 

Segundo o Ministério da Saúde, os pais ou responsáveis devem estar presentes manifestando sua concordância com a vacinação. Em caso de ausência de pais ou responsáveis, a vacinação deverá ser autorizada por um termo de assentimento por escrito. Além disso, não há exigência de prescrição médica para imunização das crianças.

7. Qual é o intervalo entre as doses? 

O Ministério da Saúde definiu um intervalo de 8 semanas entre as doses do imunizante. De acordo com Isabela Ballalai, o intervalo maior diminui o risco de efeitos colaterais e aumenta a resposta imunológica. "Isso a gente aprendeu com a vacinação de adultos e ainda facilita a logística da distribuição de vacinas", é o que complementa o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, o infectologista Renado Kfouri. 

Ainda não se sabe se crianças vão precisar de uma dose de reforço depois da aplicação da primeira e da segunda dose. 

8. O que se sabe quanto a eficácia da vacinação para o público infantil? 

Segundo a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Ballalai, a vacina é segura e eficaz. "A eficácia é excelente, 90,7%, quase 91%. Além disso, como o volume é menor, o acesso a compra do imunizante vai ser maior". A médica ressalta que a eficácia é o número de casos de crianças vacinadas que não se contaminaram com a covid-19 comparado ao número de casos de crianças que receberam o placebo durante os estudos clínicos que não se contaminaram. 

Para saber a efetividade, ou seja, a capacidade de evitar casos de covid-19 na população, Isabela Ballalai explica que é preciso uma cobertura alta, mais crianças vacinadas, e mais tempo. 

9. A vacina é eficaz contra todas as variantes da covid-19?

Segundo Isabela Ballalai, o estudo de eficácia feito pela farmacêutica da Pfizer não considerou a variante ômicron, já que ela ainda não tinha sido descoberta. "Mesmo a criança tomando a primeira e a segunda dose da vacina é preciso a adoção dos protocolos não farmacológicos", ressalta a médica. 

10. É preciso esperar a criança ser vacinada para levá-la a escola? 

Segundo os especialistas, não. Isabela Ballalai ressalta que de maneira nenhuma as escolas devem ser fechadas novamente. "Isso é considerado um crime contra as crianças. A criança sofreu muito na pandemia sem as escolas. É preciso que gestores educacionais e famílias entendam a necessidade de manter a rigidez dos protocolos não farmacológicos, mas fechar escolar nunca mais", ressalta. 

11. As crianças poderão receber a vacina da covid-19 no mesmo dia que outra vacina do calendário infantil?

A Anvisa recomenda um tempo mínimo de 15 dias de diferença entre a aplicação da dose da vacina contra a covid-19 e de outros imunizantes do calendário infantil. "Não há uma contraindicação para isso, há uma recomendação da Anvisa para as secretarias de saúde não fazerem esse procedimento é para minimizar qualquer erro de aplicação", ressalta Isabela Ballalai. 

Saiba mais na entrevista com a infectologista Ana Helena Germoglio: 

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