Coronavírus

"Poderíamos ter salvo 400 mil vidas", diz Pedro Hallal à CPI

Epidemiologista destacou que o atraso na aquisição das vacinas pode ter provocado até 145 mil mortes

Na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia desta 5ª feira (24.jun), o destaque dos depoimentos foi o número de mortes evitáveis da pandemia da covid-19 no Brasil. "Cerca de 400 mil mortes das 507.240 poderiam ter sido evitadas", destaca um dos convidados, o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal. 

"Se o Brasil estivesse dentro da média mundial, não precisava nem ser exemplo no combate à pandemia, só estar na média, 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas", ressalta o epidemiologista. A falta de liderança nacional, a não adoção de uma política de saúde para reduzir a transmissão da covid-19 (testagem, rastreamento de contatos e isolamento) e a não preparação do sistema de saúde para a pandemia foram alguns dos fatores levantados para o elevado número de mortes no país. 

Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil e representante do Movimento Alerta, ainda enfatizou que as desigualdades sociais e econômicas fizeram a diferença, segundo o estudo de mortes evitáveis nas primeiras 52 semanas de pandemia no país. "Menos de 14% da população brasileira fez testes de diagnóstico da covid-19. Desigualdades estruturais tiveram influências sobre as altas de mortalidade. A maioria das pessoas que morreram eram negras, indígenas, de baixa renda e de baixa escolaridade", ressalta. 

Em relação ao tema sobre os abismos provocados pelas desigualdades, o pesquisador Pedro Hallal apresentou dados do estudo que liderou, o Epicovid. "Percebemos cinco vezes em média mais risco de infecção pela covid-19 na população indígena do que na população branca, o dobro do risco de infecção na população negra (pretos e pardos) do que na população branca". Segundo o epidemiologista, o slide sobre as desigualdades étnico-raciais foi censurado em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, onde apresentou os dados da pesquisa. Depois, o Ministério da Saúde encerrou o financiamento do estudo, no qual foram investidos R$ 12 mi.  

O atraso na compra das vacinas também impactou o número de mortes, segundo o pesquisador Pedro Hallal. "Em relação ao atraso da compra das vacinas da Pfizer e da CoronaVac, 95.500 mortes poderiam ter sido evitadas. Em outro estudo, a falta  de aquisição de vacinas pelo governo federal provocou 145 mil mortes a mais". 

Durante a CPI, Jurema Werneck propôs aos senadores medidas que podem ser implementadas para controlar o combate à pandemia da covid-19. Criação de um plano de responsabilização e reparação coletiva, criação de uma frente nacional de enfrentamento à covid-19, aumento da abrangência do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de pessoas doentes e com as sequelas da covid-19 e a criação de um memorial para as vidas perdidas foram os pontos levantados. "O Brasil precisa corrigir a sua rota, pois há vidas que ainda podem ser salvas. Outras epidemias virão. É preciso salvar vidas agora e no futuro", destaca. 

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