Coronavírus

Impacto positivo da vacinação começa a dar os primeiros sinais no Brasil

Redução da hospitalização de idosos e menos mortes entre enfermeiros são associados ao aumento da imunização

Pouco mais de 16,5% da população brasileira foi vacinada até este sábado (8.mai), e o impacto positivo dessa imunização começou a dar os primeiros sinais no país. Análises preliminares de especialistas apontam resultados entre profissionais da saúde e idosos, os dois grupos mais vacinados até agora.

A associação à vacina se deu por dois fatores: redução do número de internação dos mais velhos -- boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 23 de abril aponta um rejuvenescimento de internações por covid-19, também associado às novas variantes do coronavírus -- e a redução de mortes pela doença entre profissionais da saúde.

+ Número de mortes por covid avança entre os mais jovens, afirma Fiocruz

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que acompanha a evolução da doença entre enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes, houve uma diminuição de 71% das mortes pela doença no grupo entre março e abril deste ano. A principal aposta do grupo que monitora a Covid-19 dentro do conselho é a vacina.

"Tivemos uma queda muito considerável de óbitos na enfermagem, e nas avaliações técnicas, a vacina é um dos grandes promotores dessa queda, que ocorreu associada ainda às medidas preventivas", afirma Eduardo Fernando de Souza, coordenador de gestão de crise da covid-19 no Cofen.

Ele aponta que desde o início da pandemia, 776 profissionais da área da enfermagem, perderam a vida para a doença. A maior parte dessas mortes aconteceu neste ano: foram 310 nos quatro primeiros meses de 2021.
 

"Nós tivemos nosso recorde no mês de março, como no país. A evolução das mortes na população tem um gráfico semelhante na enfermagem, porque é a categoria profissional que fica mais próxima ao paciente. Então acaba adoecendo mais e, infelizmente, indo a óbito", explica.

 

Para a professora de Imunologia da Universidade de Brasília (UnB) Andrea Maranhão, a redução de internação de enfermeiros e idosos podem indicar a eficácia da vacina. "Não tem dúvida de que a gente teve [evoluções pela vacina], mesmo com a vacinação pífia que a gente teve", declara. "Se a gente está tendo menos mortes e menos internações entre os profissionais de saúde, e da população mais idosa, de 70 para cima, a gente pode pensar nisso. E isso tem chamado atenção, agora que as UTIs estão cheias de pessoas mais jovens".
 

Outras comparações

Maranhão também cita o benefício do imunizante na comparação a outros países: "A Inglaterra, que vacinou principalmente com a vacina da AstraZeneca, e Portugal, mostram uma boa evolução", declara. Em relação ao Brasil, a bióloga lembra o caso do município paulista Serrana, que começa a apresentar bons resultados em internações e mortes pela doença desde que a maior parte da população foi imunizada. 

"Serrana é sempre uma coisa que gosto de destacar, porque é muito próxima da gente. Vacinou com a CoronaVac, é um município brasileiro, que a gente pode pensar na população. Eles tiveram uma adesão de 95% da cidade e não tem mais gente internada com covid de Serrana nos hospitais de lá", diz a professora da UnB. 

 

Sem medo da vacina

A especialista em imunologia também destaca que, para um bom resultado com a vacina, é necessário que a população esteja atenta e não deixe de tomar as duas doses. E ressalta que não é necessário ter receios sobre a qualidade das vacinas, nem efeitos colaterais, como as associações feitas à vacina da AstraZeneca ao surgimento de coágulos.
 

"Eu fiz as contas com a estatística feita no Reino Unido, e dá que 1 em cada 170 mil pessoas pode ter algum coágulo [com a vacina]. Na gravidez, esse número é de 1 para 20 mil. Na pílula anticoncepcional, é 1 para 10 mil. Então, não tem sentido se preocupar", explica. 

 

Por isso, a recomendação é seguir o calendário vacinal e não deixar de tomar, na data agendada, o reforço do imunizante: "Se a gente não correr com a vacinação, vamos ter uma terceira onda, sim".O Ministério da Saúde foi contactado para consulta se a pasta associa alguma redução dos casos e mortes por Covid-19 à vacinação, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

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