Brasileiro é o povo que mais acredita na vacinação, diz diretor da SBIm
Em entrevista ao SBT News, o Dr. Renato Kfouri responde a as principais dúvidas sobre a vacina contra covid-19
O Dr. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), conversou com o SBT News para sanar dúvidas sobre o tema e garante: "A população não tem o poder de escolha sobre o imunizante, que ainda é escasso. Aquele que for determinado pelo município ou estado será aplicado no grupo favorecido".
Outra preocupação que surgiu no período de aprovação das vacinas e que ainda assusta muitas pessoas é a porcentagem de eficácia dos imunizantes para prevenir o estágio mais grave do vírus. Afinal, como saber se a vacina A ou B é realmente eficaz?
"O que a população precisa ter certeza é que a vacina que está sendo disponibilizada nos postos de saúde, se ela está sendo disponibilizada pelo poder público, é porque ela cumpriu os critérios de licenciamento e é um imunizante seguro, eficaz. A população, sem o conhecimento técnico, não pode fazer nenhuma outra análise além dessa".
O Dr. Renato também aponta que a aproximação da população com as informações sobre os imunizantes, ao "universo das vacinas", é positiva. O que "contamina" essa troca de informações "é a politização do tema", segundo ele.
"Quando você começa a discutir que a vacina é do prefeito, é do governador ou é do presidente ou traz questões xenofóbicas, se a vacina veio de um país ou de outro, como se a vacina tivesse fronteira, partido político ou nacionalidade, isso traz muito desgaste na pandemia. Aliás, isso perdura em toda a pandemia, isso contamina a discussão sobre a ciência".
Questionado sobre o chamado "tratamento precoce", defendido pelo governo Bolsonaro, o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações afirma que isso não existe. Também aponta qual o verdadeiro papel da vacina.
"Não existe tratamento precoce, né? Não tem nenhum tratamento que você possa fazer com quem está com covid-19 que ajude na regressão da doença, não existe nenhuma droga, nenhum remédio que traga esse benefício ou que ao tomar você evite pegar a doença. A vacina também não é tratamento, é prevenção. Você recebe o imunizante para evitar que a doença atinja o nível mais grave".
Apesar da "politização" sobre o tema, Kfouri conclui que o brasileiro é o povo que mais acredita na vacinação.
"O brasileiro é um dos povos que mais confia nas vacinas ainda, em comparação a outras pessoas do mundo, seja na covid-19 ou em outras doenças. Em momentos mais críticos da pandemia o desejo pela vacina aumenta. O uso de métodos preventivos está muito relacionado a essa percepção de risco. No Brasil, em torno de 83% a 89% tem interesse em tomar a vacina", conclui.