Sem parcelar no cartão de crédito, 80% dos consumidores desistiriam de compras

Pesquisa do Instituto Locomotiva aponta que cerca de 115 milhões de consumidores no Brasil só conseguiriam comprar produtos e utilizar serviços com a possibilidade de parcelar o cartão de crédito sem juros.

Segundo o levantamento, o parcelamento é feito principalmente para eletrodomésticos, viagens e eletroeletrônicos. A pesquisa foi encomendada pelas associações dos Atacadistas e Distribuidores (Abad), dos Bares e Restaurantes (Abrasel), da Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Nesta 5ª feira (28.set), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o parcelamento do cartão deve ser um tema a ser enfrentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN):

"A gente precisa todo mundo sentar e discutir e falar: ?Olha, a solução é uma solução onde precisa cada um ceder um pouco'. Esse debate tem que ser muito mais amplo, junto com o Ministério da Fazenda, e a gente precisa também deixar claro que a gente tem um problema onde o bolo de crédito (rotativo) segue subindo, com uma inadimplência cada vez mais alta, e com uma taxa de juros cada vez mais alta. E que isso eventualmente pode incorrer em um problema para as pessoas e para o consumo. Que não fazer nada também é um problema, ou seja, a gente precisa achar uma solução mais estrutural. Eu não posso dizer aqui qual a solução, pois não depende só do Banco central, e é uma coisa que está sendo conversada mais amplamente", disse Campos Neto.

O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, acredita que a pesquisa sobre a eventual dificuldade dos brasileiros em comprar sem o parcelamento vai além da escolha de pagamento. "É um catalisador que torna sonhos em realidade para quase 115 milhões de brasileiros. Se retirarmos essa ferramenta das mãos dos consumidores, não apenas adiaremos sonhos, mas também estagnaremos a retomada econômica do país."

A pesquisa foi feita de 30 de agosto a 11 de setembro com 1.000 consumidores das classes A, B, C, D e E. O levantamento quantitativo de autopreenchimento com portadores de celular ouviu homens e mulheres com mais de 18 anos.

O Instituto Locomotiva perguntou se o consumidor acredita que ficaria mais endividado caso os parcelamentos no cartão passassem a ter juros. Aproximadamente 77% responderam que ficariam devendo caso todas as compras tivessem algum acréscimo. Isso representaria quase 117,4 milhões de pessoas a mais com dívidas.