"Proibição total de importações de leite é alternativa para conter crise do setor", diz Pedro Lupion
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal defendeu a medida e criticou falta de ações mais efetivas
Os produtores de leite estão amargando prejuízos e perdendo competitividade. Dados da Frente Parlamentar dos Produtores de Leite (FPPL) apontam que o Brasil é o 5º maior produtor do mundo, com mais de 1,1 milhão de produtores. No entanto, esse índice já foi maior. Em 2010, eram 1,35 milhão de pessoas dedicadas à atividade.
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O assunto foi abordado, nesta 3ª feira (22.ago), na tradicional reunião da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) pelo presidente, Pedro Lupion. Ele diz que a situação é alarmante.
"Estamos falando de produtores que hoje não têm condições de manter seus negócios. Muita gente está abandonando a produção leiteira porque precisa escolher entre comprar ração, adquirir medicamentos para os animais ou de fato produzir leite. Isso é algo que nos preocupa bastante", comentou o líder do grupo.
Ele criticou a falta de ações mais efetivas por parte do Executivo e da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Recentemente, foi anunciado o valor de R$ 200 milhões para a compra de leite em pó de pequenos produtores e cooperativas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além do aumento do Imposto de Importação de 12,8% para 18%, pelo período de um ano. Medidas consideradas insuficientes pelo representante do agronegócio no Legislativo.
A FPA pede ações mais radicais. "A primeira é bloquear as importações completamente. Durante a crise alimentar em 2017, houve uma abertura total para importações. Em 2018, foi proibida a reconstituição do leite aqui no Brasil, mas essa prática continuou ocorrendo. Enfrentamos uma grande dificuldade técnica em rastrear a origem dos produtos. Há leite em pó sendo vendido como produto nacional, mas na realidade os insumos vêm de fora. Precisamos interromper totalmente as importações e permitir que o mercado nacional se reorganize", justificou Lupion, afirmando, no entanto, que os preços não deverão subir para o consumidor final caso as medidas sejam aplicadas.
Dados da importação
De acordo com a Comex Stat, no primeiro semestre de 2023, o Brasil importou 161 mil toneladas de lácteos, uma alta de 158% em relação ao ano anterior.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já manifestou preocupação com os dados e afirma que alguns países aplicam subsídios diretos aos seus produtores, uma prática que geraria distorções no mercado e provocaria concorrência desleal.
O volume equivale a 1,2 bilhão de litros de leite que deixaram de ser captados no Brasil, aumento de 268% na comparação com 2022, consolidando o maior volume da história para o período.