Distribuir cestas no território Yanomami é "desafio logístico", diz general
Desde fevereiro, foram distribuídas quase 24 mil cestas básicas pelas Forças Armadas
O general de brigada Carlos Alberto Rodrigues Pimentel, subcomandante do Comando Conjunto Ágata Fronteira Norte, classificou nesta 3ª feira (27.jun) a distribuição de cestas básicas no território Yanomami, em Roraima, como um "desafio logístico".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Segundo o militar, a operação que abarca a medida -- de ajuda humanitária aos indígenas e combate ao garimpo ilegal na região -- é conduzida "muito para a necessidade dos meios aéreos", pois os três rios principais existentes são de difícil navegação.
"Os meios aéreos são fundamentais para o cumprimento da missão, especialmente o helicóptero", pontuou. Não é qualquer aeronave que consegue pousar na terra indígena, dadas as condições das duas pistas disponíveis. Esse é outro fator que dificulta a distribuição das cestas.
Para que cheguem a quem precisa no interior do território, então, o principal método utilizado são os lançamentos: com aviões dos modelos C-105 Amazonas e KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira (FAB), militares vão da Base Aérea de Boa Vista até determinado ponto e lançam a carga com paraquedas, para que equipes em solo peguem e entreguem a indígenas. Outro método utilizado, mas não tanto, é levá-las por meio dos aviões C-98 Caravan, também da FAB. Eles conseguem pousar e podem carregar 700 kg.
Outros fatores que contribuem para a entrega das cestas ser um "desafio logístico", segundo o coronel, são as condições meteorológicas e a "concorrência entre as demandas", pois as aeronaves são utilizadas ainda pelas Forças Armadas para o transporte de equipes do Ibama e Polícia Federal (PF), por exemplo.
Dessa forma, os militares vêm buscando fazer um equilíbrio, vendo o que é prioridade naquele momento - se a distribuição das cestas ou a repressão ao garimpo. Todas essas dificuldades, afirma o general Pimentel, fazem com que a distribuição "talvez não seja aquela que a expectativa pudesse entender".
Entretanto, ressalta, desde o início da Operação Yanomami, foram distribuídas quase 24 mil cestas. No total, 23.438 já foram entregues a indígenas e outras estão no Pelotão Especial de Fronteira de Surucucu aguardando para serem levadas de helicóptero a comunidades. "Eu acredito ser uma quantidade razoável considerando o tamanho do desafio logístico", diz Pimentel. O processo de distribuição é, há quatro meses, responsabilidade das Forças Armadas.
Desde fevereiro, foram mais de mil cargas lançadas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Cada viagem de C-105 Amazonas consegue levar oito cargas (que contêm de 22 a 26 cestas cada). Todas são preparadas na Base Aérea de Boa Vista.
As ações de ajuda humanitária e combate ao garimpo ilegal começaram em 3 fevereiro, sob o nome de Operação Yanomami. No início deste mês, ela foi substituída pela Operação Ágata Fronteira Norte, que assumiu as atribuições da anterior e incorporou medidas para aumentar o apoio às agências no combate ao garimpo.
Segundo os militares, a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, está praticamente livre da atividade, mas ainda há garimpeiros atuando - provavelmente centenas. Parte chega a trabalhar à noite para manter a atividade sem ser vista. Nas últimas semanas, a Operação Ágata Fronteira Norte vem procurando identificar os pontos onde estão os restantes e executar ações com as agências, como o Ibama, para combatê-los.
"O papel da agência é fundamental. A Polícia Federal e o Ibama na repressão são órgãos que trabalham com muita vontade, buscando cumprir a missão. Interagindo conosco aqui em Boa Vista. E o papel fundamental da Funai, da Sesai, da Força Nacional de Segurança Pública e das demais agências que trabalham na área de operação", afirmou o general Pimentel.