Ex-delegado do DOPS é condenado por ocultação de cadáver na ditadura
Cláudio Guerra confessou ter participação no desaparecimento de militantes políticos durante o período
A Justiça de Campos dos Goytacazes, interior do Rio de Janeiro, condenou o ex-delegado do DOPS, Cláudio Antônio Guerra, pelo crime de ocultação dos corpos de doze desaparecidos políticos no período da ditadura militar no Brasil. A pena será de 7 anos em regime semiaberto e uma multa de R$ 10 mil. Guerra poderá recorrer em liberdade.
Decisão foi proferida na semana passada e divulgada nesta 2ª feira (12.jun).
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O delegado aposentado confessou os crimes em 2014, em uma sessão da Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada em 2011, na gestão da presidente Dilma Rousseff, para apurar violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988, o que inclui a ditadura. O programa teve seu encerramento 3 anos depois.
Na ocasião, Guerra afirmou ter recolhido os corpos dos militantes presos e mortos nas extintas casas de detenção, como a Casa da Morte, em Petrópolis, e levado para incineração em fornalhas de uma usina de cana-de-açúcar, em Campos dos Goytacazes. Segundo o ex-delegado, após o recolhimento, os corpos eram transportados por caminhonetes e eram queimados durante a noite para não chamar atenção dos funcionários do local.
"O que aconteceu é que erramos e agora temos que confessar e pedir perdão à nação. Hoje, a ideia é outra, as forças armadas são outras, há uma nova mentalidade, mas no passado houve o erro. Temos que confessar esses erros e tentar mudar.", disse Guerra, no depoimento. Ainda em sua declação, ele disse que a designação dos agentes envolvidos nos crimes à época, era "simular teatros" de tiroteios ou, mesmo, para executar militantes políticos.
Em um documentário feito sobre ele, "Pastor Cláudio", o ex-delegado confirma ter matado "pelo menos 20 pessoas". Ele também é um dos personagens do livro "Memórias de uma Guerra Suja".
Não é a primeira vez que Cláudio é condenado pela Justiça. Em 1980, teve a condenação proferida pela morte da esposa e da cunha, que foram encontradas em um lixão, com diversos disparos de arma de fogo. Segundo investigações da época, as duas sabiam das atividades ilegais realizadas pelo então delegado. Além disso, também foi condenado por cometer um atentado contra um bicheiro. Ele nega os crimes.
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