"Existe uma falta de percepção da realidade", diz Renee Hobbs
Em painel sobre educação midiática, professora argumenta que Brasil importou extremismo dos EUA
Durante o Encontro Internacional de Educação Midiática que ocorreu na 4ª feira (25.mai), no auditório da ESPM, em São Paulo, Renee Hobbs, professora de Estudos de Comunicação da Harrington School of Communication and Media da Universidade de Rhode Island, abordou o tema "Educação midiática na era da personalização algorítmica: enfrentando polarização, discurso de ódio e propaganda".
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Hobbs, especialista na área de educação para alfabetização digital e midiática, trouxe pontos importantes sobre como a educação pode ajudar a sociedade frente a fenômenos como polarização, discurso de ódio, a cultura do cancelamento, demagogia e a propaganda. Além de ressaltar que as big techs se beneficiam desse cenário caótico, ela destacou que a educação midiática pode mudar essa relação conturbada da sociedade.
Em sua terceira vinda ao país, a especialista ressaltou que a vinda ao Brasil é um recomeço.
Ela relacionou alguns dos problemas que a desinformação vem causando nas sociedades brasileira e norte-americana e inclusive com muitos paralelos, como o ataque e invasão ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, provocados por apoiadores do então presidente republicano Donald Trump e os ataques de 8 de janeiro de 2023, provocado pelos apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A polarização corroeu a democracia", explica.
A pesquisadora destacou quatro pontos cruciais para o cenário da desinformação: o confronto e o mundo de extremistas, as regras das big techs que amplificou o ódio, ou nas palavras de Hobbs, "a economia da atenção é movida pelo ódio".
Também argumentou como que o medo torna-se o ingrediente fundamental para estimulara desinformação, trazendo outra infeliz coincidência entre o Brasil e os Estados Unidos, que "estão juntos na conexão entre o medo e a desinformação", o "medo é explorável" e tem forte relação "com o discurso político polarizado" e, assim, o "medo e a desinformação dominam os discursos no Brasil".
Inclusive que os Estados Unidos exportaram este tipo de discurso e narrativa, bem como os ataques as escolas, onde um estudo que ela apresentou, que as mortes de crianças em ataques de cresceram de forma exponencial e destacou que o extremismo ameaça pessoas e instituições.
"Os extremistas veem uma mudança radical na sociedade por meio do sistema religioso, social e politico", argumenta Hobbs.
Para contornar essa situação, Hobbs explica que para prevenir a violência é importante que haja estratégia, que tudo seja questionado com curiosidade e que as habilidades de educação midiática possam ser aprendidas.
Além disso, ela ressalta haver "uma falta de percepção da realidade" e que a mídia ajuda a entender a realidade.
"A educacao midiatica reduz o erro, constroi habilidades para fazer democracia e isso vai ter benefícios para criatividade, para quem fala, para encorajar... E eu encorajo para fazer educacao midiatica", diz a pesquisadora.
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