Mais de 70% dos hectares desmatados nos últimos quatro anos são ilegais
Estados do Acre, Ceará e Rondônia lideram ranking de áreas não validadas
Cerca de 72% da área dos alertas de desmatamento validados e publicados pelo MapBiomas entre 2019 e 2022 possuem indícios de ilegalidade. O número, divulgado nesta 3ª feira (11.abr), significa que apenas um em cada quatro hectares desmatados no período possuía autorização ou uma ação de fiscalização sobreposta.
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No Espírito Santo, 62,6% da área dos alertas de desmatamento cruzam com as autorizações e ações de fiscalização divulgadas pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF). Segundo o estudo, a cifra equivale a quase metade (49%) do número de alertas validados no estado.
O mesmo é registrado no Mato Grosso, onde 62% da área dos alertas de desmatamento cruzam com as autorizações e ações de fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA-MT) - 33% do total. Já em Minas Gerais, quase metade (48%) dos dados cruzam com autorizações do Estado, validando 27% dos alertas.
O estudo avalia ainda os estados de Goiás e São Paulo, que registraram 10% e 27% do número de alertas validados pelos órgãos de fiscalização. No Pará, um dos estados mais críticos no cenário de desmatamento, apenas 4% das ações foram legais. O estado do Amazonas registrou um número menor ainda: 1,8%.
Em relação à Rondônia, 3,4% da área dos alertas de desmatamento cruzam com as autorizações e ações de fiscalização, representando 1% de avisos válidos. O Ceará, por sua vez, apresentou validade em apenas 37 dos 4 mil alertas no estado, enquanto o Acre registrou legalidade em 146 dos 32 mil avisos.
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"De forma geral, o que os dados dos dez estados monitorados mostram é que o país ainda tem um alto índice de ilegalidade, apesar do avanço de alguns estados, e que precisa melhorar muito na sistematização e publicização das ações de combate ao desmatamento desempenhadas pelo poder público", explica Ana Valdiones, do Instituto Centro de Vida (ICV) e coordenadora da plataforma.