Suspeita de bomba em voo Etiopia-São Paulo mobiliza Polícia Federal e Receita
Equipe do SBT a bordo e demais passageiros saíram escoltados por viatura e agentes da PF
As 12 horas de voo entre Adis Abeba, capital da Etiópia, encravada no Chifre da África, até o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, foram tranquilas - tanto quanto uma poltrona na classe econômica de uma aeronave antiga permite. Sem turbulência, nem bate-boca entre passageiros, o voo seguiu silencioso do começo ao fim, interrompido apenas pelos anúncios do comandante sobre o tempo e da comissária sobre compras no Dutyfree: "Aproveite para comprar agora, é sua última oportunidade", sem sinais de que soubesse realmente o significado da frase naquele contexto de ameaça. A ignorância, muitas vezes, é mesmo uma dádiva.
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Enquanto isso, no Brasil, a Polícia Federal (PF) recebia uma denúncia anônima nesta 4ª feira (29.mar), relatando haver uma bomba no voo ET 605, da Ethiopian Airlines desta 4ª. De Guarulhos, o mesmo avião seguiria para Buenos Aires, mas diferentemente do planejado, todos os passageiros tiveram que desembarcar, levando os pertences. Mesmo debaixo de chuva, eu, Débora Bergamasco, repórter do SBT, o repórter cinematográfico, Ivan Flávio, de minha equipe, e todos os passageiros descemos as escadas e entramos em um ônibus, onde um agente da Polícia Federal já nos aguardava na entrada com reluzente distintivo pendendo sobre o peito. Uma viatura da PF com luzes piscando e profissionais da Receita Federal escoltaram o ônibus.
Perguntei o que estava acontecendo para vários deles. Educadamente, não quiseram responder. Achei que iam "apenas" prender alguém. Quando o ônibus chegou no portão que leva ao desembarque, nos deparamos com um raio x que foi improvisado do lado de fora do prédio. Mais de uma dezena de profissionais inspecionava minuciosamente os passageiros. Um cachorro pastor alemão ajudava na missão. Um agente da PF me perguntou o que estava carregando de cilíndrico na minha bolsa. Ele tinha visto pelo raio x. Nessas horas de tensão, a gente fica até meio baratinada. Não me lembrava de nada. Abri a bolsa, ele revistou tudo. Não tinha nada nem cilíndrico, nem suspeito. Eu, hein!
Depois de muito insistir com as perguntas, apurei que se tratava de uma ameaça de bomba no nosso voo. Deu até uma vertigem.
A reportagem do SBT questionou a assessoria de imprensa da delegacia da Polícia Federal no aeroporto, mas não quiseram responder se haviam ou não encontrado a tal bomba. Coisa sigilosa.
Mas uma fonte envolvida na operação me disse: "Antes mesmo do pouso já sabíamos que não havia bomba, que era blefe, mas temos que fazer a verificação mesmo assim."
Mas como sabiam que não tinha bomba se não houve inspeção com o avião no ar? A fonte respondeu que a inteligência da Polícia Federal descobriu fazendo o rastreamento da ligação. Mas Ivan Flávio, o repórter cinematográfico, deu uma resposta, na minha avaliação, mais assertiva: "Descobriram que não tinha bomba porque o avião não explodiu". Ufa.
Veja as imagens feitas por Débora Bergamasco e Ivan Flávio, do SBT:
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