Brasil não está enfrentando crime organizado como deveria, diz especialista
Professor da FGV defende articulação nacional de combate às facções e avalia que governo enxuga gelo
O professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, afirmou nesta 4ª feira (22.mar), ao SBT News, que o Brasil não está enfrentando, como deveria, o problema do crime organizado. O especialista fez críticas ao que considera como atuação tímida do estado no combate às facções e chamou atenção para o que considera como falta de vontade política de fazer uma ação integrada com inteligência.
"O que pra mim chama muito atenção nesse caso é que as facções criminosas estão fora de controle", disse o professor. "Eles estão presentes em vários estados, eles corrompem agentes públicos, eles tentam matar pessoas, e parece que muito pouco é feito", avaliou Rafael.
Estudioso no tema da Segurança Pública, ele defendeu um novo modelo de força-tarefa para o enfrentamento efetivo e adiantou que se não houver reação, as facções não vão parar de crescer. Avaliou que por enquanto, o Ministério da Justiça apresenta apenas medidas palativas e que o governo "está enxugando gelo".
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"Ações como essas estão sendo debeladas, mas uma hora eles vão conseguir. Eles vão conseguir matar autoridades, eles vão as facconseguir, como já tem conseguido levar pânico para as ruas do Brasil, como vimos no Nordeste, e infelizmente o governo parece que está de braços cruzados", avaliou, em referência aos ataques no Rio Grande do Norte.
Rafael acredita que o freio às facções pode chegar com a implementação de uma política pública do Ministério da Justiça em parceria com as secretarias de Segurança Pública dos estados, junto com a Polícia Federal, as Forças Armadas, no que diz respeito às fronteiras, e o Ministério Público. "Eles tem que começar a conversar um com o outro e a trocar informações, porque há muita informação. Porque cada ente está fazendo isso individualmente. Essa articulação precisa vir do Ministério da Justiça", elencou.
"É preciso organizar. Hoje o enfrentamento à facção criminosa no Brasil ele estpa muito bagunçado, é preciso organização, gestão, é preciso ciência na forma de gerir", concluiu.
A corrupção dentro das estruturas dos estados também foi destacado como ponto chave para atuação contra os grupos criminosos.
Confira a integra da entrevista: