Apesar de ganhar 1,7 milhão de hectares de água, Brasil continua secando
Pantanal e Caatinga estão entre os biomas mais prejudicados nas últimas décadas
Um estudo do MapBiomas revelou que, em 2022, a superfície de água no país ficou 1,5% acima da média da série histórica, ocupando 18,22 milhões de hectares - 2% do território nacional. Com isso, houve uma recuperação de 1,7 milhão de hectares (10%) em relação a 2021, ano de menor superfície na série. O Brasil, no entanto, continua secando.
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Ao todo, em 30 anos, o país já perdeu 1,5 milhão de hectares de superfície de água, contabilizando atualmente 6% e 12% do volume de água doce do planeta. Segundo os dados, o Pantanal é o bioma mais prejudicado, uma vez que, entre 1985 e 2022, a retração foi de 81,7%. Em seguida, aparece a Caatinga, bioma que já é o mais seco do país.
Mata Atlântica (-5,7%), Amazônia (-5,5%), Pampa (-3,6%) e Cerrado (-2,6%) também ficaram mais secos nos últimos anos. A redução do Pantanal fez com que Mato Grosso do Sul ocupasse a liderança entre os estados com maior perda de superfície de água. A retração de superfície de água foi de 781.691 hectares, ou 57%.
No geral, a tendência de perda de superfície de água foi notada na maioria das bacias e regiões hidrográficas. Quase três em cada quatro sub-bacias hidrográficas (71%) perderam superfície de água nas últimas três décadas. Em alguns casos, como o da bacia do Araguaia-Tocantins, o ganho de superfície de água está associado a hidrelétricas.
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"Apesar do sinal de recuperação que 2022 representou, a série histórica aponta para uma tendência predominante de redução da superfície de água no Brasil. Todos os anos mais secos ocorreram nesta e na última década. O intervalo entre 2013 e 2021 engloba os 10 anos com menor superfície de água, o que torna essa última década a mais crítica da série histórica", alerta Carlos Souza, coordenador do mapeamento do MapBiomas.