Carnaval 2023: África e nordeste foram destaques no desfile em SP
Mancha, Mocidade e Casa Verde empolgaram o Sambódromo do Anhembi neste sábado
Mesmo com a chuva que caiu na cidade de São Paulo na noite deste sábado (18.fev), o público se animou com o desfile do grupe especial das Escolas de Samba, no sambódromo do Anhembi. Temas relacionados à África e Nordeste foram temas que ganharam destaque durante a noite.
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A primeira escola a entrar na avenida foi a Terceiro Milênio. Ela celebrou a comédia, com o samba-enredo a "arte de fazer rir". A escola enfrentou alguns problemas e não conseguiu começar o desfile no horário previsto. Vários humoristas desfilaram, entre eles personagens de "A Praça é Nossa" do SBT. A escola representou a comédia desde a época dos bobos da corte, passando pelas obras do autor francês Molière e do ator britânico Charlie Chaplin. O livro "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, o apresentador Jô Soares e Roberto Bolaños, o Chaves, também ganharam destaque. O carro alegórico em homenagem ao humorista Paulo Gustavo, que morreu em 2021, encerrou o desfile.
Bezerra da Silva foi o homenageado da Acadêmicos do Tucuruvi que trouxe para avenida a "periferia" com o samba enredo "Da Silva, Bezerra. A Voz do Povo!". O desfile falou do povo brasileiro por meio da obra e da história do sambista pernambucano. A escola espalhou "malandragem" pela avenida. As alas trouxeram elementos das comunidades, dos trabalhadores e da boemia.
A Mancha Verde chegou trazendo "Lampião" o rei do cangaço em homenagem ao Nordeste. A atual campeã do carnaval de São Paulo, foi a terceira escola a entrar na avenida. Com o samba-enredo "Oxente - Sou xaxado, sou Nordeste, sou Brasil" a escola usou tons vibrantes para contar a história do xaxado e retratar o cangaço, o sertão e a caatinga. A única filha de "Lampião" Expedita Ferreira da Silva, de 94 anos, participou do desfile e foi destaque do carro alegórico "No Tempo do Cangaço", que trouxe uma figura de sete metros de altura de Virgulino Ferreira da Silva.
A Império de Casa Verde exaltou a riqueza dos ritmos africanos. O samba-enredo "Império dos Tambores - um Brasil Afromusical" propôs uma viagem pelos ritmos do continente africando e sua influência na música brasileira. Os sons dos tambores ecoaram por todo sambódromo. A escola optou por mostrar os encantos africanos ao invés de falar do sofrimento causado pela escravidão. As sambistas Elza Soares, Clara Nunes e Dona Ivone Lara também foram homenageadas pela Império. O Olodum, o maracatu, o maxixe, o baile charme de Madureira e os bailes funks de São Paulo, também foram muito bem representados nas alas da escola.
A Mocidade Alegre, foi a quinta escola a entrar na avenida e contou a história do samurai negro "Yasuke", um imigrante africano que se tornou um respeitado samurai no Japão. O desfile retratou a história do guerreiro, desde a origem na África, passando pelas batalhas em terras asiáticas, até traçar um paralelo com os guerreiros brasileiros negros dos dias de hoje. O samba-enredo trouxe trechos da história, inclusive quando os japoneses disseram para "Yasuke" tomar um banho, acreditando que ele estava coberto de tinta, por causa do tom da pele. História também ilustrada no carro alegórico que trouxe uma enorme figura do samurai. A escola misturou simbolismos de Moçambique, Angola e Japão com fantasias exuberantes e coloridas.
A Águia de Ouro entrou na avenida com o samba-enredo "O que te leva ao céu?", uma pergunta que tentou responder nos carros alegóricos e nas alas que representaram os frutos da imaginação. A escola apresentou várias formas de chegar ao "céu" por meio do amor, da religiosidade e até por meio da comida, um dos carros alegóricos com tema de doce "exalou" cheiro de chocolate pela avenida, um deleite para o público. A escola trouxe o céu dos vitoriosos, com alas que representavam a luta por ideais, a força da mulher e um carro alegórico que simbolizava o Olimpo. Fechando o desfile com "chave de ouro" o último carro representou o céu como "templo da saudade", onde descansam os sambistas que já partiram.
A Dragões da Real encerrou o desfile do Carnaval de São Paulo de 2023. A escola trouxe o enredo João Pessoa, a capital da Paraíba. A Dragões mostrou que João Pessoa, além de ser a capital mundial das quadrilhas junina, é conhecida também pelo artesanato, pelo algodão colorido e por ser a cidade mais verde do Brasil. O carro abre alas retratou a viagem do dragão, símbolo da escola, até a capital paraibana. O desfile foi embaixo d'água por causa da forte chuva que caiu em São Paulo, mas não comprometeu. O casal de mestre sala e porta bandeiras representou os primeiros raios de sol das Américas. Um dos pontos altos foi a quadrilha junina realizada por 90 pessoas em cima de carro alegórico. No encerramento, o último carro trouxe o verde de João Pessoa, famosa no mundo pela conservação ambiental.
