Em 2021, 2º ano da pandemia de covid, Brasil bateu recorde de mortos
Crescimento anual e total de óbitos foram os maiores desde 1974, ano do primeiro registro feito pelo IBGE
O Brasil registrou o maior número de óbitos em 2021, segundo ano da pandemia de covid-19, de acordo com levantamento feito pelo IBGE. Com um crescimento de 18%, chegando a aproximadamente 1,8 milhão de mortos (273 mil a mais que em 2020), a taxa atingiu o recorde de toda a série histórica, iniciada em 1974. As informações foram divulgadas nesta 5ª feira (16.fev), pelo IBGE, por meio da pesquisa Estatísticas do Registro Civil.
Segundo a gerente da pesquisa, Klívia Brayner, o número de óbitos ficou muito acima da projeção do próprio Instituto.
"A pandemia de Covid-19 mexeu muito com a parte demográfica do país. Quando a demografia faz seus estudos, desenvolve projeções baseadas em um cenário mais ou menos estável. Mas o número de nascimentos ficou muito abaixo do que a própria projeção do IBGE indica e o número de óbitos, muito acima", afirmou Klívia.
O aumento dos óbitos ocorreu principalmente no primeiro semestre de 2021, quando o Brasil registrava recordes diários de novas mortes em decorrência do coronavírus. Segundo a pesquisa, o mês de março teve o maior número de óbitos (202,5 mil), valor 77,8% superior ao registrado em março de 2020.
Em 31 de março, por exemplo, 3.869 brasileiros morreram por covid-19, de acordo com boletim divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) na época.
A partir de julho de 2021, o levantamento mostra uma tendência de queda e, de setembro em diante, o número de óbitos começa a cair em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo a gerente da pesquisa, esse recuo se explica pelo avanço da vacinação no país.
"A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país", avalia a gerente.
Analisando os grupos etários, a pesquisa mostra um crescimento no número de óbitos em 2021 entre os adultos de 40 a 49 anos (35,9%) e de 50 a 59 anos (31,3%), em relação a 2020. Os idosos de 70 a 79 anos e de 80 anos ou mais tiveram aumentos abaixo dos registrados no ano anterior.
Nascimentos
O número de nascimentos no país caiu 1,6% em 2021, uma redução de aproximadamente 43 mil registros a menos. Foram cerca de 2,6 milhões de novos brasileiros, o menor total da série desde 2003, quando houve uma mudança metodológica no indicador.
Esse é o terceiro ano seguido de queda no indicador, já que entre 2018 e 2019 a redução nos nascimentos foi de aproximadamente 3,0% (cerca de 87,8 mil) e entre 2019 e 2020 de 4,7% (menos 133 mil nascimentos).
"A redução de registos de nascimentos, observada pelo terceiro ano consecutivo, parece estar associada à queda da natalidade e da fecundidade no país, já sinalizada pelos últimos Censos Demográficos. Outra hipótese é que a pandemia tenha gerado insegurança entre os casais, fazendo com que a decisão pela gravidez tenha sido adiada", avalia Klívia.
A queda na taxa de nascimentos aconteceu nas Regiões Sudeste (-4,0%), Sul (-3,1%) e Centro-Oeste (-1,1%). Nas Regiões Norte (4,3%) e Nordeste (0,1%) houve aumento no número de registros.
O levantamento do IBGE também analisa que houve uma mudança no perfil de idade das mães na ocasião do parto. Enquanto em 2000 mais de 54% dos nascimentos eram de filhos de mães com idade entre 20 e 29 anos, em 2021 a participação do grupo de mães com 20 a 29 anos caiu para 49,1% e o de mulheres com 30 a 39 anos cresceu para 33,8%. "Na análise da idade da mãe na ocasião do parto, em 2000, 2010 e 2021, houve uma progressiva mudança na estrutura dos nascimentos no país", disse a gerente.