É preciso frear politização das forças de segurança, diz especialista
Rafael Alcadipani, do Fórum de Segurança, analisa apoio de 40% policiais a reivindicações golpistas
Uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública constatou que, apesar de condenarem os atos de depredação nas sedes dos três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro, 40% dos policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, penais e guardas municipais entrevistados apoiam as pautas defendidas pelo invasores. Eles consideram que "eram legítimas e não atentam contra a democracia". Entre os temas das manifestações golpistas estavam a rejeição ao resultado das eleições e a defesa da intervenção militar.
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O estudo também constatou que 63% entendem que as forças de segurança pública estão contaminadas pelo discurso político partidário e que isso atrapalha suas atividades-fim. Para o integrante do Fórum, Rafael Alcadipani, "os dados mostram que existe ainda uma presença forte do bolsonarismo nas forças de segurança. Por outro lado, porém, mostra um perfil de policiais com pé no chão. Não é para acender sinal vermelho, mas precisamos ter cada vez mais atenção e polícias de Estado e não ideologizadas".
Em entrevista ao SBT News, Alcadipani diz que é preciso adotar medidas concretas para frear a politização das forças de segurança. Ele sugere ao governo federal que chame os comandantes das polícias, "para entender o tamanho do problema", e crie um plano nacional com leis mais claras sobre a participação dos policiais na vida política.
"Hoje, por exemplo, um policial pode ser candidato, perder e voltar para a corporação, algo que não pode ocorrer no Ministério Público. Isso é inaceitável. Cabe ao governo federal pensar num arcabouço legal para discutir com o Congresso Nacional. Por enquanto, está se falando muito, mas fazendo muito pouco para tirar a polícia desta situação", opinou.
Na entrevista, Rafael Alcadipani também avalia as responsabilidades do atual governo na gestão da segurança pública no dia 8 de janeiro; erros das autoridades do Distrito Federal e a suposta conivência de integrantes do Exército.
A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que ouviu 6351 agentes de segurança, entre os dias 24 e 27 de janeiro, em todo o Brasil.