Grass: governo trabalha para devolver Praça dos Três Poderes ao povo
Prejuízo é "incalculável", diz presidente do Iphan sobre depredações em Brasília
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, comentou a depredação ao patrimônio público que ocorreu em Brasília no dia 8 de janeiro e afirmou, em entrevista ao SBT News, que o governo trabalha para que a Praça dos Três Poderes seja "devolvida à sociedade brasileira".
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"Ao longo da semana temos muitos encontros, chegaram vários incentivos, várias disponibilidades de instituições, organismos que querem colaborar em todo esse processo de construção. É hora agora de a gente organizar os instrumentos para poder receber esses apoios, para podermos também avançar o mais rápido possível e devolver a Praça dos Três Poderes, devolver todo esse patrimônio para a sociedade brasileira", disse Grass.
Segundo o presidente do Iphan nomeado pelo preside Lula (PT), o prejuízo causado pelos manifestantes golpistas é "incalculável". "O estrago foi enorme. Parte disso pode ser calculado até materialmente, mas existe sempre o dano irreparável, o prejuízo incalculável, especialmente quando a gente fala de obras de arte que são históricas", ressalta.
Uma dos casos mais delicados é o do relógio de Balthazar Martinot, que foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI, rei de Portugal que se mudou com a família real para o Brasil em 1808. O objeto foi completamente destruído e dificilmente poderá ser recuperado.
Outra obra das mais importantes do Palácio do Planalto, e que ainda não se sabe se será possível restaurar, é o quadro As mulatas, de Di Cavalcanti. Trata-se da principal peça do Salão Nobre e foi encontrada com sete rasgos, de diferentes tamanhos. A obra é uma das mais importantes da produção de Di Cavalcanti. Seu valor está estimado em R$ 8 milhões.
"Agora, o Iphan está dando todo o apoio técnico, todo o suporte para os órgãos como o Congresso Nacional e o Palácio, para que possam fazer esse levantamento tanto da estimativa do custo de restauro das obras de arte, quanto dos próprios imóveis que foram danificados, prédios e estruturas. A gente está nessa etapa justamente para dar o apoio e elaboração dos projetos que vem pela frente", afirma Grass.
"É necessário, nesse momento, investir em educação, educação patrimonial, conscientizar as pessoas sobre o significado disso tudo. Não estamos a falar só de prédios, só de objetos. A gente já falou de um patrimônio. O conjunto arquitetônico de Brasília que envolve todos esses edifícios é Patrimônio Mundial", conclui.
Assista à entrevista na íntegra: