Povo Karipuna entrega "carta de socorro" à representantes da UE
Delegação indígena de Rondônia pede retirada de grileiros e madeireiros do território
Lideranças da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia, entregam, nesta 6ª feira (23.set), a última "carta de socorro" à representantes da União Europeia (UE), que estão em Brasília desde o início da semana. No texto, os indígenas pedem proteção ao povo e ao território Karipuna, amplamente invadido por grileiros e madeireiros.
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"Pedimos que cobrem do governo brasileiro providências contra os grileiros, os madeireiros e pescadores que invadiram nosso território. Estamos vivendo quase uma guerra. Estamos cansados. Recebemos ameaças de morte o tempo inteiro", afirmou o cacique André Karipuna, aos embaixadores.
Ele fez um alerta e ressaltou a responsabilidade dos países, como Espanha, França e Alemanha, no combate ao desmatamento e no suporte aos direitos dos povos tradicionais. "Quando vocês fizerem acordos comerciais com o Brasil, com empresas brasileiras - de ouro, madeira e soja -, se perguntem de onde sai aquele recurso, de onde ele vem", disse.
Na carta, já entregue à alguns representantes, o povo Karipuna pede que os países europeus não comprem produtos oriundos do desmatamento da Amazônia e do desrespeito aos direitos indígenas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que Karipuna foi a nona terra indígena mais desmatada do Brasil entre 2015 e 2021 - com 4,7 mil hectares de floresta devastadas.
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"Os povos indígenas são um exemplo de convivência com a floresta. E além de protegidos, todos nós devemos ouvi-los, afinal quem tem 12 mil anos de convivência com a floresta tem muito a dizer sobre a necessária transição ecológica do atual modelo econômico que consome rios, florestas e pessoas", defendeu a porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, que está acompanhando os encontros.