Ipec: 45% das mulheres dizem que tiveram o corpo tocado sem consentimento
Apenas 5% dos homens admitem ter tocado uma mulher sem consentimento dela em local público
A quantidade de brasileiras que dizem que já tiveram o corpo tocado sem consentimento em local público corresponde a 45% do total, de acordo com uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Patrícia Galvão e Ipec, apoiada pela Uber. O levantamento, denominado Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas, foi divulgado nesta 2ª feira (12.set).
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Ainda conforme ele, 41% das mulheres foram xingadas ou agredidas por falarem "não" a uma pessoa interessada nelas na ocasião, 32% passaram por momento de importunação/assédio sexual no transporte público e 31% sofreram tentativa de abuso sexual ou o próprio abuso. Apesar dos percentuais, apenas 5% dos homens admitem ter tocado uma mulher sem consentimento dela em local público e nenhum fala ter cometido importunação/assédio sexual no transporte público.
A pesquisa entrevistou -- de 21 de julho a 1º de agosto deste --, por telefone, 800 homens e 400 mulheres, de 16 anos ou mais, moradores do território nacional. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Os entrevistados foram questionados também sobre atitudes que tiveram com algum parceiro em relacionamentos amorosos, atuais ou passados; 24% das mulheres disseram que controlaram a rotina da pessoa mesmo à distância (ante 19% dos homens), e 23% delas exigiram que a pessoa bloqueasse ou excluísse amigos(as) das redes sociais (ante 13%), por exemplo.
"Esta pesquisa de opinião revela que as práticas de controle, somadas aos relatos de agressões físicas e verbais, apontam para dinâmicas conflitivas nas relações afetivas de boa parte da amostra, tendo o ciúme como principal catalisador. Afeto e posse se confundem em parcela significativa dos relacionamentos amorosos: ao término de uma relação, controle, perseguição e calúnia são as agressões mais relatadas", pontua o Instituto Patrícia Galvão.
Para 90% das pessoas, amigos e familiares devem intervir se desconfiam ou sabem que a mulher está sofrendo violência de seu parceiro; 28% das mulheres falaram ter sido agredidas de forma física e verbal pelo parceiro (ante 18% dos homens), e 17%, de forma verbal (ante 16%). Dentre as agredidas, 30% falaram que a agressão ocorria às vezes (ante 25% dos homens), e 25%, com frequência (ante 10%).
Conforme outro dado, para 93% das pessoas, a Lei Maria da Penha ajuda contribui para que as mulheres busquem ajuda para sair da relação violenta/abusiva, enquanto 79% consideram que a lei ajuda a reduzir os crimes de violência doméstica contra a mulher. Para 89% dos cidadãos, entretanto, os agressores de mulheres sabem tratar-se de crime, mas não acreditam que serão punidos, percentual idêntico daqueles segundo os quais os homens que comentem violência doméstica contra a mulher não costumam receber s punições devidas. Na avaliação de 76% dos brasileiros, a polícia e a justiça no Brasil tratam a violência doméstica contra mulheres como um assunto pouco importante.
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